Capítulo 15

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[Shawn Mendes]

Dia seguinte…

— Aaliyah Nicole Maria Mendes e Shawn Peter Raul Mendes! Desçam! — ouço o grito da minha mãe. Pelo o tom de voz, ela está brava.

Desço as escadas, já imaginando o que será. Aaliyah chega um pouco depois, mas vai parando os passos ao ver a expressão irritada da nossa mãe.

— E aí, mãe?! — sorrio sem graça.

— “Sra. Mendes, venho em meio deste comunicado, avisar que sua filha, Aaliyah Nicole Maria Mendes, da turma do 3° ano do ensino médio, estava filando na prova da professora Trisha, responsável pela matéria de Língua Inglesa. Amanhã ocorrerá um plantão pedagógico, portanto, queremos que a senhora compareça. Já no caso de seu filho, Shawn Peter Raul Mendes, também da turma do 3° ano do ensino médio, tirou uma nota abaixo de 5. A professora Trisha avisou-os que quem tirasse abaixo dessa nota, ficaria por mais um tempo, revisando o que estudou. Se a senhora concorda que seus filhos fiquem até mais tarde, estudando, assine na linha abaixo.” — minha mãe lê o papel que está em suas mãos. Eu e Aaliyah nos entreolhamos e engolimos em seco.

— Então, mãe... Eu tenho uma expli... — minha mãe interrompe Aaliyah.

— Eu não quero nenhuma explicação. Aqui já está bem explicado. — aponta para o maldito papel.

— A professora é cheia de "arte", mãe. Não sei pra quê isso. A senhora não assinou, não, né? — indago, temendo pela resposta.

— O que você acha que eu fiz? É claro que eu assinei. — eu e Aaliyah suspiramos e lamentamos, enquanto nossa mãe nos olha séria.

— Achei que nunca diria isso, mas concordo com o Shawn. Ela é toda "bléé". — Aaliyah faz careta, imitando a professora Trisha.

— "Bléé" está a nota de vocês. Acham que é bonito tirar 0 e 1,5? — indaga.

— Eu tirei 1,5? — sorrio. — Mano, acho que eu vou chorar... de alegria. Quem diria... Eu, Shawn Mendes, tiraria 1,5 numa prova de língua inglesa? Mano! — falo feliz, enquanto sinto o olhar sério de minha mãe sobre mim.

— Você se orgulha dessa nota? — minha mãe indaga.

— Pra quem já tirou 0 negativo, 1,5 é um 10 da vida. — falo, dando de ombros.

— Você já tirou um 0 negativo? — Aaliyah indagou.

— Sim. A professora me odiava e fez isso. — respondo.

— Ai, eu não ouvi isso. — minha mãe diz, tampando os ouvidos com as mãos.

— Se eu tivesse feito a prova, tiraria um dez. — Aaliyah fala.

— Pois é... Mas preferiu filar do que estudar. Estou muito decepcionada com os dois. Me dêem os celulares; notebook só darei em caso de fazer trabalho ou pesquisa. — bufamos e entregamos os nossos celulares. — Só sairão para ir a escola e me ajudarão com os afazeres de casa. — minha mãe diz.

— Aff. Por quanto tempo isso? — Aaliyah pergunta.

— Por uma semana. Ainda estou pegando leve. Mas se isso tornar a acontecer, ficarão por um mês e olhe lá. — sai e eu me sento no sofá, indignado.

— Uma semana sem celular, notebook, só servindo pra lavar a casa, varrer, lavar a louça, secar, cozinhar, arrumar o quarto... Eu não aguento. — digo.

— Mas irritar os outros você aguenta, né? — Aaliyah indaga.

— Já está no meu sangue. Não preciso fazer esforço. — ela revira os olhos e sai da sala, subindo.

Esse é o momento em que eu fico me perguntando... O que eu vou fazer? Celular? Não tenho. Notebook? Muito menos. Vida social? Adivinha... Companhia? Nossa, que coincidência, também não tenho. Como não tem nada, exatamente nada pra fazer, eu decido assistir. Pego o controle e quando faço menção de escolher o canal...

— An, an. — minha mãe nega com a cabeça, pegando o controle da minha mão. Nada de assistir também.

— Ah, mãe, qual é? — falo.

— Pensasse antes de tirar uma nota absurda daquela. — ela diz rigidamente.

— Mas nem foi tão ruim. — tento contornar a situação.

— Não foi ruim? Na sua idade, ou eu tirava 10, ou eu ficaria de castigo. — ela fala, indo até a cozinha.

— Duvido que a senhora sempre tirou 10. — falo a seguindo.

— Por que você acha que eu fiquei durante um ano inteiro de castigo? — ela diz.

— Sério? — indago.

— Sim. Não reclame de uma semana. — ela fala.

— Mas bem que a senhora podia me deixar tomar um ar, né?

— Abra a janela do seu quarto, ué. — ela fala. Ajuda, né, mãe...

— Não é a mesma coisa de estar com o corpo todo recebendo ar. — falo.

— E o que eu tenho a ver com isso?

— A senhora é difícil, hein? — resmungo e vou para o meu quarto.

— Sabe o que você pode fazer? Pegar um livro e estudar. — grita.

Fico olhando para o teto e encarando o quarto, ao qual eu não tenho nada pra fazer. Olho novamente para a estante em meu quarto. Meu videogame está lá. Ela não falou nada sobre o videogame, certo? Hum...

Pego um jogo e ponho dentro dele. Ligo a tv e coloco num volume baixo. Eu sei que ela falou da tv, mas eu estou jogando, não assistindo filme, série ou novela. Pego o controle e começo a jogar.
Eu estou vencendo, então, eu dou um grito de vitória:

— Aê! — grito. Ouço minha porta abrir bruscamente e minha mãe entrando. Com o susto, jogo o controle no chão e o videogame vem junto. Acho que deu merda...

— O que eu disse? — ela diz.

— A senhora disse sem tv, celular e notebook; não disse nada sobre o videogame. — me defendo.

— Não disse e não preciso dizer. Acabou de quebrar. E outra, não vou te dar outro. Esses negócios são caros. — ela murmura, negando com a cabeça.

Reviro os olhos.

— Se fizer mais alguma gracinha, você fica de castigo por um mês. Espero não ter que te dar outro cartão. — ela fala, saindo do meu quarto.

Me jogo na cama e choramingo, fitando o teto.

Se eu tivesse com meu pai, provavelmente eu arranjaria um jeito de me distrair. Meus amigos moram perto, eu tinha um amigo que era meu vizinho, ou seja, nem sempre ficava sozinho quando ficava de castigo.
Olho para o lado e vejo alguns livros e cadernos da escola. Mas eu não sei nem como começar a estudar. Eu não entendo o assunto, muito menos presto atenção quando os professores explicam.

Bufo e abro o livro, vendo milhares de assuntos e textos extensos. Meus olhos doem só de ver o tanto de assunto pendente. Leio algumas partes e vou grifando outras. No final, quando estava na metade do livro, desisto e jogo tudo pra cima, literalmente.

É... nem estudar eu estou conseguindo.

No rules {1} Onde histórias criam vida. Descubra agora