Cap.1 - Range Rover Preto

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O som de rock do Linkin park é ouvido à distância e fica cada vez mais alto conforme se aproxima da área do colégio de ensino médio Dom Pedro I. Muitos jovens estão espalhados pelos limites da escola, trajando roupas de frio e mochilas. Vários montinhos se aglomeram frente às paredes da direção buscando a vista privilegiada das tabelas afixadas no mural. Nelas, a distribuição dos estudantes por turma.

O range rover preto entra nos limites do campus, passando pela portaria e chamando a atenção dos que estavam a perambular. Faz uma curva no estacionamento e para na vaga que fica frente a enormes pinheiros que balançam com o vento matinal. O carro permanece parado por um instante, os vidros são escuros e não é possível ver quem está lá dentro. As duas portas da lateral direita são abertas deixando escapar o som, o que chama ainda mais a atenção.

Da frente do automóvel um par de pernas femininas usando meia calça pied de poule e salto alto torna-se visível. Logo em seguida, da porta traseira, outro par de pernas femininas aparece, e então as duas jovens levantam-se exibindo elegantes roupas de frio, parando o colégio enquanto ajeitam suas bolsas.

Elas olham ao redor examinando o ambiente, logo após batem as portas e dão alguns passinhos sentindo o vento esvoaçar os cabelos. A música é interrompida. Viram-se ao ouvir o barulho do alarme e observam o rapaz loiro surgindo na lateral oposta do veículo.

Físico de atleta, bochechas coradas pelo vento e estonteantes olhos azuis que contrastam com a jaqueta descolada. Ele contorna o carro, ajeita a mochila e observa as garotas serem recepcionadas por colegas do ano anterior. Pelo tom da conversa, são as patricinhas do colegial. As garotas mais bonitas, mais populares, mais...

— Espere um minuto — uma vozinha sobressai na lateral distante — As mais bonitas?! — a estudante baixinha de óculos vermelho parece embasbacada. Olhando para a colega parada ao lado, prossegue fazendo graça — Como assim as garotas mais bonitas? Elas não são as mais bonitas — volta a observá-las — Mas eu sim, EU, Tatiane, a rainha...

— ...dos nerds — a amiga interrompe os devaneios e com um largo sorriso enlaça seu braço. Ela era um pouquinho maior que Tatiane, tinha longos cabelos escuros que tocavam à altura dos quadris e bochechas coradas pelo dia frio — e agora é hora da rainha e sua fiel escudeira voltarem para a sala, ou chegarão atrasadas.

Ouve-se o sinal soar, com passinhos apressados as inseparáveis amigas sobem pela escadaria e observam por todos os lados alunos caminhando agitados. Os monitores permanecem rodeados de jovens que não encontraram suas salas, a diretora está maluquinha e lá fora, o alto portão de ferro fora finalmente fechado.

* * *

— Silêncio pessoal, por favor, silêncio — os murmúrios dentro da sala estavam altos quando a professora entrou buscando a atenção da turma de primeiro ano — Bom dia — ela observava cada rostinho novo à sua frente com um tanto de empolgação — Sou Eliane e vou dar aulas de literatura — faz uma pausa escrevendo o nome no quadro e então prossegue — esta é uma ótima matéria, espero que todos participem. Okay? — com um sorrisinho simpático Eliane volta ao quadro.

Enquanto traçava o cronograma da disciplina e prosseguia com os recados de início de semestre, alguém bateu à porta solicitando permissão para entrar.

O garoto de estatura mediana tinha a pele clara, destacando as bochechas também em coloração rosada. Seus cabelos escuros com uma franja desfiada caiam por sobre a testa conferindo um belo tom juvenil. Estava empacotado em roupas quentes e trazia nas costas uma mochila azul de tecido jeans. Com permissão da docente, ele adentrou o ambiente sentindo os olhares sobre si. Passou frente às fileiras, seguindo rumo à mesa da professora, a procura de um lugar vago.

Confusões no ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora