A porta do quarto é aberta lentamente para não fazer barulho. Um garoto baixinho entra e com passinhos de algodão aproxima-se cautelosamente com um lençol amarrado ao pescoço e sua camiseta do super-homem. Ele posiciona-se na parte inferior da cama e observa Tatiane dormindo tranquilamente com seu pijama cor de rosa. O ambiente está quase claro, o sol começara a nascer anunciando a nova manhã de segunda-feira.
Prendendo um sorriso levado, o pirralho sobe no colchão, posiciona-se e após alguns instantes, "vup", pula sobre a irmã que reage apenas com um gemido. Tatiane estava acostumada a ser acordada pelo pedacinho de gente, ou melhor, pelo irmãozinho caçula que neste instante já estava gritando e bagunçando os cabelos dela:
— Acorda Tati, acorda. É hora de ir pra escola.
A garota permanece deitada com o rosto afundado no travesseiro e o pestinha sentado sobre ela como se fosse um cavalinho. A única resposta que a garota dava eram gemidos de preguiça, parecendo um morto vivo.
Ele sai de cima e sentado ao lado tenta puxar as cobertas e fazer a garota levantar. Só então o celular abaixo do travesseiro vibra e a musiquinha irritante do alarme começa a berrar: "good morning!... good morning!... pá pá pá pá... pá pá... pá pá... good morning...". Tatiane pega o aparelho, olha as horas, boceja e vira-se para o lado onde enxerga apenas o vulto gordinho.
— Eu pensei que você tivesse morrido — o garoto fala com sua voz infantil.
— Mas eu morri — Tatiane levanta-se com cara de malvada — e agora sou um morto vivo que veio comer você gordinho — ela faz voz de monstro e pula sobre o irmão, dando-o várias mordiscadas na barriga, e ele ri e grita para que a garota pare e se arrume logo.
Tatiane deixa o menino que volta para a cozinha onde a mãe prepara o café da manhã. Logo após tomar banho, ajeita os materiais e segue para o lanche. Minutos depois ela e o irmão saem de casa a pé, ela o deixaria na creche e seguiria para o colégio.
* * *
— Oi meu bem — Caroline encontra Crícia frente aos armários. O colégio estava movimentado e a energia dos adolescentes balançava o prédio.
— Oi gata, como foi o fim de semana? — Crícia procura suas chaves na bolsa enquanto olha para a amiga.
— Normal, tive que dar faxina na casa. Estou com as mãos doendo até agora. Sinceramente, não sei por que minha mãe não pode chamar uma diarista. — Ela puxa a porta do armário, mas parecia emperrada.
— Bom dia amor — Kaio chega em seguida e abraça Crícia que já estava guardando a bolsa e pegando alguns livros. Ela vira-se e retribui a um selinho.
Neste instante Tatiane surge no fim do corredor.
— Qual o problema Caroline? — Kaio observa que a garota está com dificuldades, então sem que solicite ajuda, segura a porta e com um pouco de força consegue desemperrá-la.
Tatiane passa pelo trio. Caroline e Kaio a observam enquanto a garota segue para a sala.
— Garota sonsa — Caroline deixa a frase escapar.
— Ei Carol, não fale assim, ela é super gente boa — Kaio rebate.
— Gente boa o caramba — Ela abre a porta e observa suas roupas da educação física caírem emboladas a um objeto colorido de plástico.
— Nossa. Este uniforme está aí desde sexta-feira? — Em um reflexo, Crícia abaixa-se para apanhar as roupas, só que ao puxar deixa o objeto descoberto à vista de todos: uma máscara de palhaço. Ao ver o que fizera, gela.
— O que é isso? — Kaio abaixa-se e pega o adereço.
— Nada! — Caroline toma a máscara e guarda rapidamente no armário — Usamos sexta na aula de teatro — finge que o objeto serviu para aquela finalidade, mas Kaio não presta muita atenção observando Derick e Lizi surgir no início do corredor. Ele dá um selinho em Crícia e segue em direção aos colegas.
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Confusões no Colegial
RomanceImagine um Brasil do futuro, onde estudantes de ensino médio podem dirigir e as escolas públicas tornaram-se aconchegantes a nível internacional. Imaginou? Agora utilize este cenário como palco para as aventuras de um garoto gay não assumido (Derick...