Cap.29 - O garoto misterioso

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"Maldito, maldito, mil vezes maldito".

Era o fim da tarde, o penúltimo dia de acampamento. O camping estava agitado e os jovens aproveitavam os últimos raios de sol para se divertirem na piscina.

Derick, ao contrário dos demais, preferira voltar ao quarto e aproveitava a ausência dos companheiros para arrumar as malas, ainda muito indignado. Quanto mais adiantado estivesse, mais cedo daria o fora dali. Não via a hora de o dia seguinte chegar e entrar no ônibus que o levaria novamente para a cidade, local onde era dono do próprio nariz e não se encontrava obrigado a conviver por muito tempo com quem não queria.

"Como não me dei conta do quanto era desprezível? Garoto idiota, Ogro".

Ele nunca esperara uma atitude daquela vinda da parte de Kaio. Nunca esperara aquele tipo de reação vinda da parte de ninguém. Está certo que fora ele quem começou, mas, enfim, em sua mente Kaio não deviria tê-lo agredido.

Derick ajeitava suas roupas sujas e quando puxou algumas toalhas de sobre o colchão, deixou cair um novelo de meias pela lateral rente a parede. Para alcançá-lo, precisou deitar no chão, esticar o braço e com muita dificuldade tocar o objeto que ficara bem no cantinho aos pés da cama. Então ouviu a porta sendo aberta, e de surpresa uma voz o questionou:

— Fazendo as malas?

Assustou-se.

Levantando todo desajeitado, Derick olhou para trás e deu de cara com um Ian avermelhado, que acabava de vir da piscina.

— Ah. É você. — Resmungou ignorando o garoto, e sem hesitar continuou a arrumação.

Uma coisa era certa, com a chegada do primeiro sabia que os demais não demorariam. Acelerou o ritmo. Estava começando a escurecer e não queria se deparar com eles por ali.

Ele ficou com os ouvidos atentos aos movimentos de Ian. O garoto subiu no beliche, abriu a mala e seguindo o seu exemplo, também passou a organizar a bagunça. Então o silêncio foi novamente interrompido por mais um de seus questionamentos:

— O que houve lá na quadra? — Ian perguntara sem parar de remexer a mala — Por que estava tão agressivo? — aguardou a resposta ríspida.

— Não te interessa — Derick resmungou. Estava apreensivo com a presença do garoto ali, talvez por ainda achar que houvesse alguma ligação dele com a história das drogas, ou simplesmente porque há pouco estivera em seus pensamentos. Derick tremia.

— Ei, Ei, Ei. — Ian resmungou — Calma aí Jack Chan — e com molecagem jogou a toalha molhada sobre a cabeça do colega.

Derick sentiu o sangue ferver, mas não era uma raiva tipo a que sentira por Kaio, esta era diferente. Calmamente retirou o tecido úmido de sobre si e lançou de volta em Ian. O perfume do sabonete dele ficou empreguinado em seus cabelos e ele sentiu-se envolvido.

— Já sei, já sei — Ian continuou — Você não quer conversar. Tudo bem — resmungou sorridente. Era impressionante sua forma descarada de ser, por mais que o colega demonstrasse claros sinais de que não queria aproximação, ainda assim o tal Ian encontrava prazer em forçar amizade. Parecia gostar de ser ignorado, parecia gostar de ser ignorado por Derick.

Então, talvez para provocar, começou a assoviar uma canção enquanto remexia a mala.

Derick bufou.

— O que foi? — Ian voltou a questionar com um sorrisinho — estou atrapalhando? — observou o rapaz sentar-se na cama e começar a fuçar o celular. — Aliás — Ian disse — o que está fazendo? — e pulando do beliche, sentou-se bem ao lado sem ser convidado. Derick sentiu os pelinhos do braço arrepiar, um nó formou-se na garganta e ele engoliu em seco.

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