Cap.25 - Algo cheira MUITO mal

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"Tem coisas em você que me fazem bem, não sei por que, e entre nós dois sempre foi e sempre será assim. Cada vez mais, te vejo em mim"

Tatiane fechou a cartinha apreensiva. O remetente estava ficando cada vez mais insistente e ela temia o momento em que ele resolveria se aproximar para falar tudo aquilo pessoalmente. Esse era seu dilema, garotos. Eles eram interessantes, atraentes, porém ela tinha medo, temia estar perto deles. Não tinha culpa, durante as fases escolares não tivera boas experiências, ou melhor, não tivera boas experiências desde o episódio do beco escuro no ensino fundamental.

Ela abriu novamente o envelope e releu a frase pela milésima vez. Se o olhar desmanchasse papel, poderíamos esperar que logo não haveria um só centímetro branco daquela folha.

Lizi estava sentada ao lado, comendo sua fatia de pão com os pensamentos distantes, foi quando Derick finalmente surgiu pelas costas.

— Bom dia meninas — ele disse sentando-se ao lado. Seus olhos estavam fundos o que significava que chorara ou não conseguira dormir bem.

— BOM DIA? — Tatiane levantou irritada — BOM DIA NADA! ONDE DIABOS VOCÊ SE METEU?! — com as unhas cortadas, deu-lhe um beliscão no ombro — Quase morremos de preocupação e você simplesmente me aparece com essa cara sonsa desejando, "bom dia" — ela praguejou ajeitando os óculos — Não está nada bom seu palhaço, onde você se enfiou? — questionou num misto de irritação e alegria por revê-lo. Sua empolgação foi a deixa para Derick tentar driblar o questionamento.

— Como assim? Quase morreram? — O garoto forçou um sorriso apalpando o local onde a colega apertara com força — Que exagero! — ele resmungou tomando um pedaço de pão — Quem vê assim, diz que passaram a noite inteira em vigília, quando na realidade estavam bem tranquilas zicando os carinhas na beira da piscina — ele cutucou Lizi com o cotovelo e a garota sorriu sem jeito. — O que você tem? — Percebendo a estranheza, Derick questionou e para sua decepção a amiga agiu espertamente, colocando a conversa de volta ao trilho:

— O que eu tenho não, o que você tem — Lizi retrucou — Afinal de contas, onde se meteu toda a noite?

Agora não havia como fugir. Ele se engasgou com o pão seco e pigarreou por alguns minutos.

— Aff — murmurou enfim — eu apenas resolvi deitar mais cedo.

— Conta outra Derick — Tatiane o interrompeu — Kaio e Ian afirmaram não tê-lo visto depois do anoitecer. Ou melhor, Ian disse que você saiu apressado e até esqueceu o celular. Acho que está passando da hora de nos revelar o que anda acontecendo — e ambas permaneceram a pressioná-lo.

— Puts meninas, está tudo bem, relaxem.

— Relaxar? — Tatiane disse irônica — realmente, você está escondendo alguma coisa, e não adianta disfarçar.

A conversa foi interrompida quando uma movimentação estranha formou-se ao longe e os três calaram-se a observar. De uma hora para outra os professores começaram a se aglomerar em um grupinho, fazendo fofocas e olhando com desconfiança ao redor. Pareciam tentar identifica algo ou alguém, e seja lá o que estivesse acontecendo, era mantido em sigilo, ou seja, em instantes todo mundo já estaria sabendo.

E realmente não demorou. Vindo de longe, uma garota que usava trancinhas caminhou em direção ao trio acompanhada por duas colegas. Elas seguiam para uma mesa mais a frente, porém, antes de atravessar o corredor, sentiu Lizi puxando-a pelo braço.

— Kell.

A garota parou reconhecendo a colega de sala.

— Olá Lizi — disse exibindo um largo sorrisinho e então se sentou ao lado, pedindo para que as companheiras seguissem à frente, a fim de não perderem o lugar.

Confusões no ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora