Confusões no Colegial

Capítulo 31

Murilo surpreende Lucas no momento em que este repassava comprimidos para um dos garotos do terceiro ano. Lucas já o aguardava há algum tempo, pois haviam combinado de fazer a última entrega e irem para uma festa no outro lado da cidade. Murilo, porém, diferente do que Lucas esperava, já chega o empurrando contra um carro, e quer saber qual é a verdade sobre a noite de reinauguração do pub.

Ofegante, questiona se Crícia realmente ficou com ele por que quis, ou porque Lucas a drogou.

O garoto se faz de desentendido, tenta desconversar, mas Murilo não quer diálogo. Então num surto de raiva, diz que já não acredita em mais nada que Lucas fala, e que não quer continuar com aquilo.

Ele devolve os comprimidos que guardava na jaqueta, mas Lucas o segura firme pelo braço fazendo ameaças. Murilo, porém se esquiva, ele já não reconhece Lucas, e diz que não confia nele.

Irritado, Lucas passa a debochar de Murilo, a compará-lo com Kaio, e a dizer muitas verdades que estavam presas na garganta. Ele diz que Murilo sempre demonstrou-se ser um almofadinhas idiota, fraco, que até o primo era mais macho que ele, que tinha atitude e sabia se posicionar, e que Murilo era apenas um garotinho assustado que dependia dos outros para aparecer.

Murilo fica irritado, os ânimos estão exaltados, e Lucas confessa que sim, que Murilo só conseguiu ficar com a Crícia porque ele deu um "empurrãozinho". Murilo parte para cima de Lucas e o garoto o dá uma chave de braço, dizendo que Murilo seria idiota em querer dar uma de Kaio, que do mesmo jeito que prejudicou ao garoto, ele também se livraria dele se precisasse.

Então, livrando-se de Lucas, Murilo diz que não tem medo, e para completar, diz que daria um fim naquilo tudo naquele instante.

Lucas tenta pará-lo, buscando compreender o que ele quis dizer, e querendo pagar de bom homem, Murilo diz que vai contar tudo para a polícia, mesmo que se ferre depois.

Lucas diz que ele não seria louco, pois fazendo isso os dois seriam presos. Então Murilo diz que "Ele, Lucas" seria preso, pois como o próprio garoto gosta de dizer, Murilo era "filhinho de papai", e o papai daria um jeito.

Lucas então diz que Murilo não seria idiota a este ponto, pois o próprio primo já estava bem prejudicado e sem saídas, então Murilo senta-se na moto, e dando partida, pergunta a Lucas se ele já ouvir falar em "Delação Premiada".

Ele arqueia a sobrancelha apreciando a feição atônita do colega, e colocando o capacete, da um sorrisinho e arranca dali. Amedrontado com sua postura, Lucas não vê outra alternativa a não ser segui-lo, e montando na moto vermelha, coloca o capacete e arranca ao seu encalço.

Em outro núcleo, Derick tenta ligar para Ian, enquanto Lizi tenta falar com Kaio. Os celulares não completam a ligação, por isso ninguém atende, até que enfim, fazendo uma curva para próximo da quadra, Derick se esbarra com Kaio. Ele questiona o motivo do garoto não atender o celular, e Kaio percebe apenas agora que o aparelho está desligado. Derick conta o que está acontecendo, e Kaio engole em seco, preocupado e ao mesmo tempo sem saber como reagir.

Ele sente que algo ruim está a caminho, e coçando os cabelos, enxerga ao longe um dos colegas do time, com o qual ainda tem algum contato. Abordando-o, Kaio pede emprestado seu carro com a desculpa de resolver um problema e assim consegue as chaves.

Ele chama os garotos para acompanhá-lo numa busca por Murilo e Lucas, já que nenhum dos dois atendem o celular, e Ian finalmente aparece unindo-se ao grupo.

Tati diz que não poderá ir, infelizmente ela e Lizi precisam voltar para casa, pois os pais já ligaram, assim como os pais de Derick que marcaram horário para ele chegar.

Resta a Kaio, Ian e Michael irem sozinhos atrás dos garotos, e antes de saírem, Derick deixa uma ordem de que liguem assim que tiverem notícias.

A cena volta a Lucas, que pelo visor do capacete observa o vulto que é Murilo ziguezagueando entre os carros, indo reto por uma avenida que cruza a cidade. Em sua cabeça, ele só consegue pensar em dar um bom corretivo no rapaz para ao menos fazê-lo ficar em silêncio.

Murilo vez por outra observa Lucas pelo retrovisor, e acelera, o garoto está sob efeito de bebidas que tomara antes de ir falar com Lucas. Ele vê a cidade passando, e só pensa que não pode parar.

Aos poucos a ficha vai caindo sobre as ameaças que fizera a Lucas, e teme que aquilo termine ruim, pois as coisas que falou, falou de cabeça cheia. Então resolve que se for para brigar com ele, que ao menos seja longe dos olhos curiosos, e assim faz uma curva, virando para o acesso de terra que conduz à ponte em construção, perto da antiga fábrica.

Logo atrás, Lucas não entende o que o garoto pretende fazer, já que desviou do caminho e agora vai em direção ao rio onde eles comumente passavam as tardes a conversar. Confuso, só consegue imaginar que Murilo resolveu fazer alguma besteira, e por isso acelera tentando ficar lado a lado com ele, a fim de dizer-lhe para parar, pois resolveu que devem tratar aquilo como adultos, com uma conversa. Porém, observando-o pelo retrovisor, agora na região escura, Murilo entende tudo errado e acelera percebendo a poeira levantar.

O céu à frente está estrelado, ao longe as luzes da cidade pontilham pintando as águas do rio, e percebendo somente agora que aquele é o ponto final, Murilo se assusta e pisa no freio seguido por Lucas, mas já é tarde, um clarão envolve a ambos e um barulhão ecoa no ar.