Cap.2 - Sextas-feiras passam rápido

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"Como entrou aqui?"— ela perguntou — "Pela janela" — ele respondeu. Daí ela perguntou: —"Você sempre faz isso?" — e ele respondeu: — "Sempre quis tentar uma coisa"; Então mansamente foi se aproximando, devagarzinho, olhando para a boca dela, depois para seus olhos e..., Derick? — Tatiane interrompeu a história ao ver o colega rabiscando algo no caderno — Você está me ouvindo? — sem avisar, puxou a caneta de sua mão ouvindo a exclamação admirada vinda da mesa ao lado:

— Nossa. Que desenho lindo! — Lizi interrompera a bronca da amiga. Estava encantada com a imagem que o colega acabara de desenhar.

— O que é isso? — Tatiane puxou o caderno sem pedir licença — Deixe-me ver. — Admirada, devolveu a figura ao amigo em meio a resmungos — Não acredito. Eu aqui, contando sobre o beijo do século e você desenhando anime? Que falta de respeito. — E imediatamente foi corrigida por ele:

— Ei? Quem disse que eu não estava prestando atenção? Nunca ouviu falar que se ouve com os ouvidos?

— É claro que sim, mas quando estou falando, preciso de TODA a atenção só para mim — completou fazendo um bico.

— Ah. Então você quer toda a atenção só pra você? — Derick levanta-se ameaçador, olha para Lizi e retorna para Tatiane — Então... toma... — junto à amiga começa a fazer cócegas na baixinha que se encolhe de tantas gargalhadas.

— Para, para... vocês vão me matar.

Mas Derick continua:

— Você não queria atenção exclusiva, "Bella Swan"?

Lizi também estava rindo sem parar, mas engoliu em seco quando o jogo mudou de lado. Os amigos imprensaram-na contra a parede do quadro e cutucaram em todos os cantos fazendo a garota pedir clemência.

— Seu magrelo — Tatiane grita e em parceria com Lizi empurram Derick, derrubando-o com cócegas sobre a mesa dos professores.

Gargalhadas e mais gargalhadas. Não percebem o sinal pôr fim ao horário vago e os colegas de classe retornando em grupos aos seus lugares. Param somente quando uma sombra cai sobre ele.

— O que as mocinhas estão fazendo? — Kaio está parado rente a mesa e seus olhos fitam Derick por cima, vermelhinho e sem reação. A surpresa foi tamanha, que o garoto só conseguiu desviar o olhar quando Lizi o puxou, ajudando-o a se levantar.

— Nada que seja da sua conta, bombado. — Tatiane reagiu grosseiramente enquanto ajeitava os óculos.

— Ei baixinha, também não precisa morder — Kaio responde à grosseria com energia — Eu só estava brincado. — Sente as mãos da namorada agarrando-o pela cintura e ouve sua voz melosa ao pé do ouvido.

— Vem sentar amor — Crícia olhava para o trio como se ignorando a presença deles ali, segura o namorado pela mão e juntos seguem para o fundão.

Perplexos, os amigos se viram apoiando-se na lateral da mesa, e logo as garotas ouvem Derick sussurrar:

— O que foi aquilo?

— Um nojo não é? — Tatiane faz graça.

— Não, não me referi a eles — Derick prossegue — Por que foi grossa? — questiona, mas é de Lizi que ouve a resposta.

— Ah magrelo, não repara. Digamos que a Tati tem certo "bloqueio" com aos garotos. — Olha sorridente para a amiga e engole em seco ao ver a expressão séria em seu rosto. Deveria ter segurado a língua.

— Se fecha garota, ele falou comigo.

— Nossa, foi mal — Lizi iguala o tom de voz — pensei que já tivesse superado isso. — Derick não sabia do que falavam.

— Ah, cala a boca Lizi — Tatiane retira-se irritada voltando para a carteira. Os amigos se entreolham embasbacados, mas antes que houvesse qualquer exclamação, o professor de Matemática entrou pedindo silêncio.

* * *

Tic, Tac, Tic, Tac...

O barulho do relógio parecia competir com o zunido do giz deslizando sobre o quadro negro. Havia lição para ser copiada.

— Você está com raiva de mim? — Arrependida, Lizi cutucou a colega sentada na carteira ao lado. Por um momento pensou que Tatiane não responderia, mas ouviu sua voz ressoar baixinho.

— Desculpe. Acho que foi o cansaço.

— Dá pra acreditar que vencemos a primeira semana de aulas? — Derick entra na conversa, sussurrando dos fundos.

— Passou tão rápido não foi? — Lizi responde e é interrompida pelo professor pedindo silêncio.

O barulho do giz continua, há também sons de canetas riscando folhas, borrachas apagando erros e um pequeno bate-boca pelo docente ter apagado parte do quadro sem perguntar. Aproveitando a onda de protestos, o trio volta a fofocar.

— Quais os planos para o fim de semana? — Derick cochicha para as garotas.

— Não temos.

— Sugere algo?

Uma completa o sussurro da outra.

— Podíamos sair, sei lá. Ir a algum lugar. O que acham? — Derick sugere.

— Podemos marcar pelo whatsapp. — Lizi responde atenta à confusão por causa do quadro apagado.

— Combinado. — Derick recosta-se na cadeira e se espreguiça. Resolve olhar discretamente para trás, algo que passara a fazer costumeiramente desde o primeiro dia. Então, sente um gelo subir pela espinha e volta a olhar para frente de supetão, com o coração batendo a mil.

Ele vira direito? Kaioestivera a observá-lo pelas costas? O que aquilo significava?

Confusões no ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora