Cap.23 - Mau Caráter

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— Bom dia meninas. Dormiram bem?

Derick chega cedo para o café da manhã. Ele encontra as colegas sentadas à mesa do refeitório, estavam com o rosto inchado pela sonolência e ainda abriam a bocarra de sono. Lizi parecia ser a mais animada para o começo do segundo dia de acampamento. Com as mãos magricelas, tentava fazer uma trança nos longos cabelos enquanto observava o movimento dos colegas pelos arredores.

— Bom dia Derick, dormiu bem?

Tatiane perguntou e o garoto respondeu com naturalidade tentando disfarçar sua aventura entre as árvores. Então, envolvidos pela conversa, observaram um sinal do coordenador e seguiram ao local onde começava a ser distribuído o lanche. Pegaram a refeição e em comum acordo deixaram o espaço seguindo para o jardim do camping. Ali, abeirando o prédio dos alojamentos, sentaram-se em uma parte alta da calçada, ficando com as pernas suspensas acima da grama verdejante.

O dia amanhecera magnífico. Estava quente e o sol subia o horizonte penetrando a barreira de folhagens das árvores. Seus raios dourados começavam a riscar o local e já era possível ouvir murmúrios animados por todas as partes.

Passarinhos cantarolavam voando de um lado para o outro e patinhos transitavam em bando acompanhados por cocás pintadinhos.

Os amigos estavam sentados na região oposta à piscina. Bem à frente ficava o curral onde cavalos passeavam rente à região de floresta na qual Derick passara a noite.

Lizi se espreguiçou enquanto comia pão de sal rasgando-o em pedacinhos pequenos, os farelos caíam sobre o vestido florido e espalhavam-se sobre a grama.

Tatiane tomava suco de laranja e comia pão doce. A garota prestava atenção nos patinhos quando de repente uma sombra caiu sobre si, virou-se para ver quem chegava pelas costas e se deparou com uma jovem professora parada bem ao lado.

— Bom dia meninos — ela disse exibindo vários envelopinhos coloridos que trazia nas mãos — Qual das duas é a Tatiane? — perguntou olhando também para Lizi.

— Juro por Deus que não fiz nada de errado — Tatiane diz ajeitando-se para saber o que a professora desejava. A mulher simpaticamente entrega-lhe um dos envelopes lacrado com adesivo prateado.

— O que é isso? — Ela questiona surpresa.

— Uma cartinha — a professora explica — Não sabe como funciona o correio? — exclama dando a volta para ficar de frente para o trio que se entreolha. — Bom, deixem-me explicar. Nos acampamentos do ensino médio fazemos uma brincadeira chamada correio elegante, quem quiser pode enviar uma cartinha para um colega, basta escrever e depositar naquela caixa colorida que colocamos no centro do refeitório, então a entrega é por nossa conta.

— Uma cartinha? — Tati questiona — Mas, quem enviou? — Olha para a professora que também possuía um ponto de interrogação sobre a cabeça.

— Bem, esta resposta eu não sei — ela responde e segue para outro grupo sentado logo ali. Havia mais cartas a serem entregues.

Curiosa, Tatiane rompeu o selo passando a ler as linhas transcritas no papel:

"Difícil não lembrar de quem nunca se esqueceu

Fácil perceber que seu amor é meu.

Difícil não lembrar de quem nunca se esqueceu

Fácil perceber que meu amor é seu".

— Que fofo. Quem mandou? — Lizi pega o envelope procurando o remetente, mas, não havia nada além do poema. Ela pressentia haver algo de errado, Tatiane nunca recebera sequer um poema enviado por amigos mais próximo, imagine uma cartinha de amor.

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