Vrummm... Vrummmm
— Uma moto? — Derick exclamou surpreso.
— Vem aqui — Lucas deu partida no veículo estendendo a mão. Quando Derick se aproximou ele colocou um dos capacetes em sua cabeça, ajudou-o a se ajeitar na traseira e sentiu a cintura ser enlaçada.
— Eu não sei andar de moto Lucas — Derick esclareceu. Os braços tensos.
— Não tem segredo — o garoto acariciou suas mãos, puxando para mais junto de si — É só segura firme — o peitoral de Derick agora se recostava à jaqueta dele, tinha respiração ofegante e a testa suada. Então Lucas pisou no acelerador, sem avisar, virando com velocidade na primeira curva.
Derick estava com o coração saindo pela boca. Era a primeira vez que fazia uma loucura daquela, andar de moto em alta velocidade por uma via pública tão tarde da noite. Se os pais soubessem de sua aventura, iriam arrancar os cabelos. Todavia não se preocupou tanto com isso, avisara que iria fazer um trabalho na casa de um colega e se terminassem tarde ficaria por lá.
Bem que dissera às amigas que no fim de semana assistiria a um filme, mas em momento algum imaginara que este filme seria em 3D.
Abriu um sorriso enquanto observava os prédios ficando para trás, entrando cada vez mais em uma região remota.
O coração passou a palpitar mais forte, não era apenas um passeio de moto, ele previa onde aquilo terminaria e só então sentiu um nó na garganta. Já não sabia se fazia aquilo para esquecer Kaio, ou se realmente estava envolvido pelo colega condutor.
A viagem terminou em um local estranho. Derick reparou que era um desmanche de carros velhos ou depósito de metal, não sabia dizer ao certo. A moto parou frente a uma casa de pintura envelhecida com janelas de vidro.
— Você mora aqui? — Perguntou enquanto Lucas prendia os capacetes à garupa.
— Aqui? — Lucas deu um sorriso gostoso — Você acha que eu sairia daqui só para estudar do outro lado da cidade?
— Como assim?! Estamos do outro lado da cidade? — Derick ficou surpreso. Estava tão extasiado que não registrara o caminho por onde passaram.
— Vem comigo. — Lucas tomou sua mão e o mostrou ao longe a cidade e seus vários pontinhos de luz.
— E onde é aqui exatamente? — Derick sentiu o vento bagunçar seus cabelos. A noite estava fria.
— Onde é, O que é, e de quem é, não vem ao caso — foi falando e se aproximando. O vento soprava e Lucas o abraçou pelas costas deslizando o nariz pela curva de seu pescoço. — Vem — o chamou, conduzindo ao acesso a casa.
Eles entraram e Lucas fechou a porta com a chave que pegara debaixo de algumas sucatas ao lado da escadinha. O local estava escuro, e ele seguiu na frente mostrando o caminho pelo corredor.
— Lucas — Derick começou a falar — Sobre aquela noite, bem... — mas foi interrompido ao observar o parceiro retirando a jaqueta e em seguida a camiseta. Sob o luar que perpassava as janelas Derick pôde reparar na mediana tatuagem que ele possuía nas costas e também na calça jeans que caía sobre os quadris. Então Lucas entrou em um dos quartos.
— Não se preocupe — disse de lá, enquanto o observava segui-lo — você foi muito bem para sua primeira vez — sorriu caminhando até o lado da cama.
Derick corou, sentindo borboletas agitarem-se no estômago. O corpo tremia como na noite em que estiveram no carro. Então gaguejou.
— Lucas...
— Vem aqui — Lucas o interrompeu, fazendo-o se aproximar. Perto dele Derick sentia-se sem coordenação, e agora, os braços de Lucas o envolviam e ele sentiu-se ofegar quando teve os lábios tomados. As mãos de Lucas deslizaram lentamente por sua pele, e sendo tomado de supetão, sentiu-se ser deitado sobre a cama. Gaguejou.
— Lucas — Derick diria algo, mas o garoto estava tão próximo a seu rosto, e seus lábios tão umedecidos, que ele simplesmente não conseguia controlar as reações. O calor do beijo de Lucas mexia com algo dentro dele, e quando o rapaz roçou o nariz em seu nariz, e os olhos novamente se encontraram, ele ofegou. — Tudo bem — disse sem voz, sentindo-o novamente procurar sua boca — Se é isso que quer, eu... confio em você.
* * *
O dia amanheceu. A claridade entrava pela janela, anunciando que a noite de loucura ficara pra trás.
— Você está bem? — Deitados lado a lado, Derick ouve a pergunta soar pelas costas e sente a mão de Lucas roçando a curva de sua cintura.
— Sim — Responde baixinho, ainda despertando da sonolência.
— Levanta, temos que ir — Ele resmunga e Derick entende que enfim aquele sonho chegava ao fim. Era hora de voltar à vida real.
Lucas fecha a porta da casa e observa Derick olhando o céu ao longe, a manhã estava ensolarada. Ele abre um sorrisinho e segue até o colega parado próximo a moto.
— Se você quiser, podemos vir aqui mais vezes — Lucas diz após acomodarem-se para a partida.
— Por mim, tudo bem — Derick sussurra, com um sorriso por dentro do capacete.
— Só tem uma coisa que preciso pedir — Lucas diz enquanto desliza o dedo sobre a chave na ignição, então completa: — Segredo.
— Não se preocupe — Derick não hesita em concordar — Sou um túmulo — sorri.
— Bem, então tem mais uma coisa que preciso falar — Lucas liga o veículo e o motor começa a roncar.
— O quê? — Derick segura firme, estava curioso.
— Eu. Eu reatei com a Caroline — Lucas pisa no acelerador, e o barulhão preenche aquele fim de mundo.
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Confusões no Colegial
RomanceImagine um Brasil do futuro, onde estudantes de ensino médio podem dirigir e as escolas públicas tornaram-se aconchegantes a nível internacional. Imaginou? Agora utilize este cenário como palco para as aventuras de um garoto gay não assumido (Derick...