Noite da Mascote...
Aproximadamente 14 horas antes
Quando viu Kaio se aproximando de Lizi no portão, Derick sentiu-se impulsionado a se afastar. Talvez se fizesse a linha ignorante ele parasse de rondá-lo. O garoto relutava com seus sentimentos, sabia que se prosseguisse com aquilo, as coisas ficariam estranhas com Tatiane, e isso não seria legal.
Falando em Tatiane, onde estava esta garota que não atendia o celular? Derick andava de um lado para o outro abeirando a avenida, a ligação chamava até cair. Ele rediscou várias vezes e continuou esperando que alguém atendesse. Sentia um frio no pescoço, seus pelos estavam arrepiados. Sabia que Kaio estava o observando pelas costas.
As pernas começaram a enrijecer, ao andar sentia que mancava, era como se o corpo parasse de responder tentando fazê-lo pagar um mico bem na frente do carinha.
De repente um ônibus passou pela avenida, o rapaz teve a impressão de ouvir Lizi chamá-lo. Ele se virou.
— Continua sem contato Lizi. Podíamos dar uma olhada na quadra.
Lizi ensaia dizer algo, mas Kaio a interrompe.
— Talvez esteja no estacionamento, podíamos nos dividir. Eu e o Derick procuramos lá, enquanto você olha a quadra.
— Eu acho que não tem necessidade. Aliás, ela não iria para um lugar tão escuro sozinha.
— Talvez ele tenha razão Derick — Lizi exclamou, deixando o garoto irritado. Então Kaio a interpelou outra vez.
— Sem falar que podíamos terminar aquela nossa conversa no caminho. Eu, acho que seria uma ótima oportunidade.
Merda, merda, merda. O que ele queria? E agora? Falar ou não com o Kaio?
Derick não havia decidido. Não sabia se desistia de seus desejos ou arriscava tentar algo com ele. Isso certamente magoaria Tatiane, por isso era melhor evitar contato. Tentou de todas as formas evitar encontrá-lo outra vez, mas pelo visto não havia como fugir.
* * *
Kaio seguia na frente, eles procuraram por alguns minutos, e certos de que não a encontrariam, Kaio colocou a mão no bolso do short e retirou uma chave. Foi então que apertou um botão e o alarme de um veículo próximo piscou duas vezes, ele levou a mão à maçaneta, e virou-se.
— Kaio? O que está fazendo? — Derick retrucou confuso.
— Acho que sentados é melhor para conversar. Vem.
Com um sorriso desajeitado Derick caminhou rumo à porta do Range Rover do colega, quando colocou a mão na maçaneta sentiu um choque de emoções. Estava realmente entrando na carruagem do seu príncipe encantado? E quanto aos sonhos que tivera nas noites anteriores? Seria aqueles delírios um sinal do além?
Sentou-se afundando no banco de couro. Os pais de Kaio certamente tinham muito dinheiro para dar-lhe um presente como aquele, ou será que o garoto trabalhava aos fins de semana? Talvez recebesse uma grana para aparar o gramado do condomínio, ou então limpasse as piscinas de algum clube. Isso explicaria as curvas torneadas dos braços.
Ao fechar a porta teve um flashback da noite que perdera a virgindade com Lucas, fora a última vez que entrara no carro de outro cara. Porém, ao contrário do veículo de Kaio, o carro de Lucas não tinha aquele cheiro agradável de estofado novo, e sim de bebida alcoólica. Lembrar-se da sensação o fizera sentir-se novamente tonto, como naquela noite. As reações eram parecidas: sensações aguçadas, boca umedecida, tudo muito perto.
Deste momento em diante seus olhos já não queriam obedecer, não conseguia parar de reparar nos ombros, na boca, nas coxas, no peitoral saliente do colega, delineado pelo tecido da camiseta do time de futebol, aquela camiseta safada, que exibia suas curvas saradas. Derick tremia, era muita loucura, muita fantasia para uma mente só.
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Confusões no Colegial
RomanceImagine um Brasil do futuro, onde estudantes de ensino médio podem dirigir e as escolas públicas tornaram-se aconchegantes a nível internacional. Imaginou? Agora utilize este cenário como palco para as aventuras de um garoto gay não assumido (Derick...