VII

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      Após o expediente no trabalho, me arrumei e fui para o cinema. Pude aproveitar o filme com tudo que tinha direito. Pipoca, refrigerante e chocolate. Saí do cinema leve. Tinha visto uma comédia.

        Já estava tarde. Chamei um motorista para me levar para o restaurante. Peguei uma bala no carro. De menta! Não demorou para eu chegar.

        Fui caminhando distraída e me assustei quando ouvi o uivo perto de mim.

       _ Sebastian? O que faz aqui?

       O lobo olhou para o banco de concreto, que havia em frente ao restaurante. Nele estavam alguns livros. Também havia uma mochila. Sentei no banco e peguei os livros. O lobo pulou sobre o banco. Senti sua respiração perto do meu rosto. Mas estranhamente não senti medo. A gente já tinha conversado. Ele não queria me fazer mal.

        _ "Sobre vampiros e lobisomens"... "Rituais de magia branca e negra"... "Um olhar sobre o universo sobrenatural"... É esse tipo de coisa que você ensina? Está tentando me convencer?

        O lobo continuou me olhando.

         _ Já disse que gosto de animais e sinto vontade de afagar seu pêlo, quando está nessa forma. Você é um lobo lindo. Estou elogiando o animal, não você. 

        Da mesma forma que eu enxergava a vampira e eu como duas personalidades habitando o mesmo corpo. Também o via dessa forma. Como dois seres distintos.

         Para minha surpresa o lobo deitou no banco, apoiando a cabeça no meu colo. Isso era uma clara permissão. Então, sem hesitar passei a mão em seu pelo preto azulado.

         Enquanto isso, observei um dos livros que ele trouxe. Parecia antigo. Tinha algumas ilustrações.

          _ Realmente quer me convencer... Tudo bem. Vou pensar. Apesar de que minha única preocupação com os sobrenaturais é sobre o original que me transformou. Tenho medo que ele queira me mudar de novo. Devia ter um jeito de impedir. Um repelente de vampiros.

           Me abaixei para beijar a cabeça dele. Eu sei. O estava tratando como um cachorro de estimação. Ele não pareceu se incomodar.

          _ Você deve ter muito conhecimento sobre esses assuntos. Não é Bastin?

         Ele ergueu as orelhas.

         _ Sebastian é seu nome de humano. Quando estiver na forma de lobo, vou te chamar de Bastin. Se um dia te ver como lobisomem, te chamarei de Sebas. Você se importa?

         Ele não teve reação. Continuei afagando o pêlo dele. Quem diria que um dia eu ia ficar perto de um lobo sem sentir medo...

         _ Vê se não me devora quando for lua cheia.

         Ele ergueu a cabeça e se sentou no banco. Rosnando para mim.

         Me levantei e afastei erguendo as mãos.

         _ Calminha Bastin. Eu sei que pedi para me matar, mas, eu estava desesperada. Nunca quis ser vampira. Agora eu sou humana. Pode me deixar viva. E você mesmo disse que não tem consciência naquela forma.

         Ele rosnou de novo. Pulou do banco e sacudiu o pêlo. Quando começou a mudar de forma, me virei de costas. Esperei que ele estivesse apresentável de novo. Devia ter uma calça naquela mochila.

          _ Eu não fico na cidade em noites de lua cheia. Vou para a mata. Não precisa ficar com medo... Pode se virar.

          Lá estava o homem. Sem camisa. Descalço. Com uma calça de moletom. Ele tinha um corpo bonito. Perfeito. Bem talhado. Mas, era um lobisomem. O que a vampira tinha de fogo, eu como humana tinha de gelo. Aquele era um homem do tipo que faz o sangue esquentar nas veias. Mas, não comigo. Eu continuava indiferente.

Is It Love? Sebastian - Diamante brutoOnde histórias criam vida. Descubra agora