Prólogo

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     Ergui minha taça de champanhe para brindar com meus colegas de trabalho. Mais um ano se encerrava. Consegui juntar um bom dinheiro na minha conta poupança, o que me deixou satisfeita comigo mesma. Eu tinha o costume de gastar mais do que deveria. Mas, aos vinte e dois anos, não podia mais me dar ao luxo de agir despreocupadamente. Eu era uma mulher adulta. Hora de encarar isso e buscar minha independência! Eu finalmente podia alugar um apartamento e morar sozinha. Confesso que a ideia ainda me dava frio na barriga. Não tinha certeza de estar pronta. Mas, não queria mais morar com minha mãe. O meu padrasto não gostava de mim. Ele fazia questão de deixar claro o seu desprezo, em cada oportunidade. Ao ponto de fazer eu me sentir desconfortável na minha própria casa. Para piorar, o filho que teve com minha mãe me perturbava o tempo todo. Definitivamente eu precisava me mudar! E agora eu poderia. Levei a taça aos lábios e deixei o líquido deslizar por minha garganta. Confesso que não gostava de bebidas alcoólicas. A única exceção era vinho! Após um único gole deixei a taça de lado.

      _ Milly, venha tirar foto com a gente.

      As primeiras fotos das festas sempre eram comportadas. Geralmente após um pouco de bebida, os funcionários da empresa começavam a fazer coisas dignas de vergonha alheia. Não conseguia entender qual era a graça de beber ao ponto de perder a noção de ridículo. Eu gostava de ter controle sobre minhas ações. E a bebida em excesso tirava esse controle. Deixando a pessoa vulnerável às más intenções alheias.

       _ Milly... Está impecável, hoje!

       Roger era o galanteador da empresa. O tipo de pessoa extremamente carente, que se oferece para todo mundo. Como se implorasse um pouco de atenção.

       _ Obrigada!_ disse para ser educada.

       Eu estava normal. Usando um scarpin salto alto. Uma saia social, preta. Uma blusa de mangas curtas, roxa. Meu cabelo amarrado em uma trança embutida. E uma maquiagem discreta. Nada de especial.

       _ Que tal nos afastarmos um pouco, para tomar um ar?

       As vezes era necessário deixar a educação de lado. Com uma expressão séria e sem o menor interesse, respondi...

       _ Dispenso!

       _ Ah, qual é!... É ano novo.

       _ Não estou interessada. Não importa a data.

        Me afastei para não ter que ouvir sua insistência. Eu odiava isso. Bastava eu dizer uma vez. Não ia mudar de ideia, se ficasse repetindo várias vezes. Um não é sempre um não!

       Fui até a mesa para pegar algo para comer. Isso sim eu adorava nas festas. Salgados e doces. Sem frescura para comidas e petiscos.

       _ Se divertindo?

       Me arrepiei ao ouvir a voz do chefe. Ele tinha uma presença marcante e perturbadora. Que atraia ao mesmo tempo que instigava o medo. Era um homem em torno dos seus quarenta anos. Cabelo curto. Castanho. Olhos castanhos. Pele morena. Com um sorriso sempre. Apesar de parecer falso. Na maioria das vezes.

       _ Sim, senhor!

       _ Você é uma excelente funcionária. Quero mantê-la por muito tempo, me servindo.

        Aquela escolha de palavras me pareceu inadequada. E com sentido um tanto dúbio.

        _ Por isso, vou lhe dar um presente hoje que não é qualquer um que recebe. Espero que saiba valorizar e me servir bem!

        Aquela conversa estava me deixando desconfortável.

        _ Não precisa me dar presente nenhum, senhor. Com licença!

Is It Love? Sebastian - Diamante brutoOnde histórias criam vida. Descubra agora