II

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     A música alta incomodava meus ouvidos sensíveis de vampira. O odor de bebida estava me enjoando. Mas, eu disfarcei e continuei dançando com os meus colegas de trabalho. Estávamos na beira da piscina. Eles usando sunga. Eu estava de maiô e com uma canga amarrada na cintura. Meu charme de vampira estava atraindo olhares indesejados. Ignorei e me concentrei no pessoal do meu serviço.

       _ Quer uma bebida, Milly?_ Jean ofereceu.

       _ Claro. Algo doce. _ pedi.

       Era necessário fingir que ainda era humana.

       _ Já volto. _ ele se retirou.

       Enquanto isso, Pierre olhou para a piscina. Sorrindo disse...

       _ Vamos dar um mergulho.

       _ Vou beber primeiro. _ eu disse.

       A verdade é que eu tinha nojo de piscinas. Ainda mais em um clube noturno. Além de urina, a chance de alguém vomitar ali dentro era grande. Muita gente não sabia beber. Não respeitava o próprio limite. E nem precisava dizer que sexo rolava solto ali dentro. Eu não ia entrar de jeito nenhum.

      Fui atrás de Jean. Ele ainda estava pegando as bebidas. Quando finalmente veio na minha direção, estava sorrindo. Podia sentir pelo cheiro que ele esperava algo daquela noite. Machos sempre tinham um cheiro específico quando queriam copular. Veja só, eu estava até me referindo aos humanos como se fossem animais. Está bem, eles são. Animais racionais. Mesmo assim, era estranho até para mim usar aqueles termos. Eu não era mais humana. Não havia uma classificação sobre o que eu era na ciência. Não era mineral, vegetal, nem animal... Só... Um monstro!

        _ Aqui está!_ ele me entregou a bebida.

        Fingi que bebi e dei um sorriso para ele. Se ele ficasse bêbado facilitaria eu me alimentar sem ter que ficar empurrando as mãos dele para longe de mim. A vampira queria satisfação. Eu não iria fazer isso. Era estranho usar a terceira pessoa comigo mesma. Mas, eu não queria aceitar aquele lado que me foi imposto. Então para mim, era a vampira que me tornaram e eu!

        _ Vamos para um lugar mais calmo!_ ele chamou com um sorriso safado.

        _ Claro!

        Eu o segui para longe da piscina e da música que já estava irritando meus ouvidos sensíveis. Dei um jeito de descartar a bebida sem ele perceber. Ele no entanto, estava tomando tudo. 

        _ Você é muito linda!... Torna o trabalho mais empolgante._ ele disse._ Seria péssimo se só tivesse homens naquela cozinha. 

        Eu não disse nada. Nem precisava.

        _ Deixa eles na piscina. Vamos curtir a noite... Só nós dois!

        Retirei o copo de bebida da mão dele e deixei no balcão. Peguei a mão dele e o puxei para fora do local. Na lateral do clube era mais escuro e silencioso. Tinham alguns casais alí, mas, nenhum deles prestaria atenção ao que estava acontecendo. Empurrei ele contra a parede e o mordi. Simples e rápido. Não demorou para ele começar a gemer. A mordida causa prazer. E por isso a vítima não reage! Quando me senti satisfeita, deixei ele alí. E fui saindo do clube. Enquanto a vampira ficava feliz eu me sentia triste. Por ter que fazer aquilo para sobreviver...

        Andei pela rua sentindo o frescor da noite. Carros passavam a todo momento. Não sei porquê mas estava apreciando mais a noite. As luzes coloridas, a escuridão e o silêncio que vinha de madrugada. Talvez fosse pela minha nova condição. Eu não precisava temer a noite. Bandidos, agressores, nada disso me perturbava. Eu era mais perigosa que eles. Talvez, não mais que aquele lobo que uivava naquele momento. Era loucura eu sabia. Mas, a curiosidade me fez seguir aquele som. Eu queria saber se era o mesmo lobisomem que foi no restaurante e porquê seu uivo parecia tão triste. 

Is It Love? Sebastian - Diamante brutoOnde histórias criam vida. Descubra agora