XXV

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           Eu fiquei parada na frente do portão. Hesitando em tocar a campainha. Prometi não voltar e outra vez estava alí. Mas o que Viktor falou ficou rodando a minha mente. Eu precisava saber o que foi que aconteceu. Respirei fundo e toquei a campainha. Sebastian estava me esperando do outro lado da rua. Eu estava tomando o tempo dele. Que estava na cidade para se distrair do que aconteceu com Natasha e Harumi. Eu ainda não sabia o que houve no Peru mas ia descobrir. Aquele olhar de tristeza dele e a culpa que ele carregava estavam o instigando a me proteger e me usar para se penitenciar. Eu tinha o direito de saber. 

           _ O que está fazendo aqui?

           Não esperava que fosse meu padrasto a abrir a porta. 

           _ Vim falar com minha mãe. 

            _ Ela não tem nada para falar com você. Vá embora!

            _ Saia da frente. Eu quero falar com minha mãe.

            _ Pensamos que tivessem te matado. Como foi que conseguiu escapar?

            _ Não te interessa. Sai da frente. 

            _ Vá embora! Ninguém te quer aqui.

            Meu irmão veio correndo pela porta e me abraçou. Mas meu padrasto o puxou para longe de mim.

            _ Não fique perto dela. É um monstro! Vai machucar você.

            _ Não sou um monstro e não vou machucar meu irmão. _ olhei para o garotinho._ Mamãe está em casa?

            _ Sim. Vou chamar.

            O garoto correu de volta para dentro da casa. Meu padrasto empurrou meu ombro.

            _ Você sempre foi algo desnecessário na família. Filha de outro. Não precisamos de você. Nossa família está completa do jeito que está. 

             _ Eu já entendi que minha mãe refez a vida e eu sou um estorvo. Não pretendo ficar no caminho de vocês. Apenas quero saber o que foi que aconteceu quando eu era criança. E isso é entre eu e ela. Não tem nada a ver com você.

             Antes que ele respondesse, ela apareceu. Me encarando como se estivesse vendo um fantasma. Eu tentava não mostrar o quanto tudo estava me abalando. 

            _ Sei que prometi não voltar e estou aqui de novo, mas eu tenho motivo. A gente pode conversar?

            _ Pensei que estivesse morta.

            _ Eu sei que você preferia que eu estivesse. Mas ainda estou aqui. 

            Ela cruzou os braços.

            _ E o que você quer?

            Olhei para meu padrasto e meu irmão. Eu não ia conseguir conversar com a tranquilidade que eu precisava. Então, despejei ali mesmo. Na porta. 

           _ Eu quero saber o que aconteceu quando eu era criança. Me disseram que existe algum tipo de feitiço em mim. Quero saber o que é. 

           Ela me olhou como se eu tivesse ficado verde. Depois segurou meu braço com força. 

           _ Você nunca mais toque nesse assunto. Deixe isso enterrado no passado. 

           _ Eu tenho o direito de saber.

           _ Não. Eu fiz o que precisei fazer para te dar uma vida digna. E mesmo assim não adiantou. Você virou um monstro de qualquer forma. 

Is It Love? Sebastian - Diamante brutoOnde histórias criam vida. Descubra agora