Is It Love? Sebastian - Diamante bruto

LXIX

Sebastian

       Eu queria poder ir com calma. Analisar a situação. Nosso relacionamento envolvia muita coisa. Nesse caso não bastava apenas o que a gente sentia um pelo outro. Ficar juntos talvez fosse a ruína dela. Ou talvez não. Depende de como os que estavam caçando mestiços iam reagir. Eu precisava de ajuda para protegê-la. Não era tão ingênuo a ponto de achar que poderia enfrentar o mundo inteiro sozinho. Se Viktor ficasse do nosso lado, teríamos uma grande chance de sair dessa situação vitoriosos! Eu odiava depender dos vampiros. Mas Milly era vampira e estava na hora de eu começar a aceitar a raça dela como aliados. Fiquei me questionando se eu devia ter feito diferente. Proposto namoro ao invés de uma amizade colorida. A minha covardia em admitir meus sentimentos a fez sofrer? O medo do que poderia acontecer se a gente se levasse a sério me paralisou. Agora não adiantava pensar se foi o certo ou errado. Só haviam as consequências das escolhas que fizemos. Eu voltei e ela não estava mais lá. Pensando sobre o que Gael me explicou eu fui até a alcateia falar com o pai dela. Eu precisava de mais pessoas ao meu lado e eu sabia que ele me aprovava como genro. 

      _ Pela sua expressão as coisas não vão bem com minha filha. 

      _ Ela não quer me dar uma chance. 

      _ Seja sincero. O que foi que aconteceu entre vocês? Quando os conselheiros falaram que iam colocá-la para dormir e soltar a loba, ela aceitou muito fácil. Estava com uma expressão de quem já desistiu da vida! 

       Eu conhecia bem aquele lado depressivo dela. Me doía saber que ela estava sentindo vontade de se machucar de novo, porquê eu fui embora! Sempre pensei que ela estava assim por ter sido transformada em vampira e não querer viver daquela forma. Mas isso já tinha passado. Ela superou e aceitou sua raça. Mesmo assim, sua falta de amor próprio continuava. Afinal, o que causou a depressão dela, se não foi a transformação em vampira?

       _ Quando a gente se conheceu, deixamos claro a nossa animosidade. Eu odeio vampiros e disse isso muitas vezes. Existem muitas coisas que eu gostaria de nunca ter dito. Ela também sentia essa repulsa natural que há entre nossas raças. Nós estávamos quebrados. Cheios de questões para resolver. Fizemos uma aliança. Um ajudando o outro a colar os seus cacos. No meio desse processo, apesar de sermos inimigos naturais, a gente começou a sentir atração. A culpa foi minha... Eu que dei o primeiro passo quando ela ficou temporariamente humana. Aquilo mudou tudo. Eu não sabia se devíamos nos envolver. Tinha medo do que isso poderia causar. Eu não sabia que ela era híbrida. Nem ela sabia. Mesmo assim a gente foi aos poucos avançando os limites e quando eu percebi... Não tinha como voltar atrás. Eu usei a amizade colorida como desculpa! Eu queria ficar com ela sem ter que me preocupar com onde aquilo ia nos levar! Eu só queria que a gente aproveitasse, porquê pensei que era só uma atração e nada mais. Algo temporário. Eu não queria admitir que estava apaixonado por ela. 

       _ Ela também nunca disse nada?

       _ Não. Sabia que eu ia embora. Tinha um trauma que eu precisava superar no Peru e também ver o casamento da minha irmã. Sempre teve prazo para terminar. Ela me disse que isso a fazia se sentir usada e eu tentei explicar que não era assim que eu pensava, mas acho que não adiantou. Quando a gente foi longe de mais... Eu percebi que precisava partir ou não conseguiria mais sair do lado dela. E eu não queria estar com ela tendo questões mal resolvidas na minha mente. Eu queria estar por inteiro para ela. Por isso eu parti naquele dia. E agora Lena se sente abandonada. Como se eu tivesse a usado e descartado. Expondo ela perante todo o bando. Ela não me considera compatível, porquê eu não faço parte da alcateia e não sigo as regras. Também sou arqueólogo, o que me faz ter que viajar bastante. Mas eu também sou professor universitário e posso ficar dando aulas e partir em menos expedições.