Capítulo Trinta e Oito

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Nada. Sem dor. Sem gritos.

Caída no chão, muito atordoada para me mover, eu abri meus olhos. Isso... isso não era o hospital.

Céu vermelho cor de sangue pairava sobre um vasto horizonte. Uma espessa bruma negra envolvia trechos da paisagem, enquanto se movimentava formando uma trilha lenta. Como um afago ilusório, o ar seco estava acabando com a umidade da minha pele. Um vasto nada se mostrava na minha frente. Milhas dele. Minha visão ainda não estava boa, mas não havia sinais da existência de uma civilização.

Levantei minha mão, esfreguei os olhos, e percebi que ainda estava segurando Bubbles, seu bico de pato sorrindo para mim. Um rosto amigável. Familiar. Ao contrário das minhas roupas.

Eu usava um vestido. Algum vestido ridículo com metros de tecido luxuoso que brilhava quase iridescente, alterando as cores à luz flutuante. Bem-vindo à Cidade da Bizarrice.

Eu senti a terra contra as minhas costas irregular, desconfortável. Eu mexi o meu cotovelo, mas o chão deslizou longe, duro, instável. Olhei para baixo.

Um momento processando. Então eu gritei.

Havia uma chance de que eu nunca parasse. Meus olhos dispararam. Compreendi mais. E mais. Pânico explodiu em rajadas geladas por todo meu corpo. Eu escalei para me livrar de um pântano de corpos. Oh, sim, eu disse corpos.

Em todos os lugares.

Agarrei Bubbles em meu peito, protegendo-a, ou a mim, eu não tinha certeza, enquanto a outra mão e os pés descalços esmagavam através de peles, ossos, e vísceras podres. Olhos mortos zombavam. Mandíbulas abertas riam. Quantidades variadas ??de carne em decomposição encharcadas agarravam-se aos cadáveres. Alguns deles - e isto seriamente me faz colocar ecas para fora - tinham arranhões, marcas de mordida, manchas de sangue, e coisas que deveriam estar dentro estavam para foram em uma confusão.

Os corpos foram comidos por cima. E eu era a próxima.

Parei de gritar só porque eu havia esgotado as reservas de oxigênio. Movimentos frenéticos de luta e puro horror aparentemente fazem isso. Encontrei uma alavanca e fiquei de pé, os braços erguidos, olhando para a frente, consciente de que eu não podia ver muita coisa por causa da minha visão borrada do choro. Que estava mais para soluços histéricos. Muita choradeira.

Não me atrevi a limpar meu rosto. Toda a sujeira cobria meu corpo, e o de Bubbles, com- eu não queria pensar sobre isso, mas eu sabia que também estava cobrindo meu rosto.

Eu bufei, engasgando, tentando cuspir o muco que saia do meu nariz e entrava dentro da minha boca, mas acabei engolindo a maior parte. Na presente situação, isso sequer me incomodou.

Eu peguei um movimento na minha visão periférica e estabilizei alguns gemidos e até soluços ocasionais.

Várias figuras. Movendo-se em minha direção. Não humanas.

Em duas pernas, curvadas, com a pele com manchas escuras esticada sobre os ossos. Braços longos e garras. Alguma coisa pontuda saia da parte de trás de suas cabeças pequenas demais, com bocas muito grandes habitando dentes muito grandes, e todos eles estavam demasiado interessados em mim.

Eu comecei a correr. Ok, talvez não exatamente. Eu tropecei, vacilei e continuei o meu caminho, o desespero me incitando, Bubbles em um aperto de morte, porque eu não deixaria a melhor amiga de Selena neste horror.

A parte inferior do vestido estúpido continuava se enroscando na paisagem de pesadelo, a saia pesada com a carne grotesca horrível saturando a bainha. Peguei o material com os punhos e o puxei para cima. As bordas molhadas do tecido batiam contra minhas pernas nuas, mas pelo menos já não me atrapalhavam.

#1 - Demons At Deadnight (Divinicus Nex Chronicles) Onde histórias criam vida. Descubra agora