Capítulo Quarenta

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A confusão grogue me conduziu até a cozinha onde eu tomei dois analgésicos sem água. A minha família estava no rancho de Blake para uma festa com churrasco com todos os Meninos Malditos e suas famílias que tinham se oferecido para ajudar a cuidar de crianças, fornecer refeições, e etc o que permitiu a minha mãe e ao meu pai passarem 24/7 no hospital. No último minuto, eu aleguei estar cansada e não fui para a festa. Ponto para a doente.

Eu passei três dias em coma. Ninguém sabia como ou por quê. Tristan e Logan tinham trazido uma enfermeira quando eu cai inconsciente. Nenhuma menção a Matthias.

Eu continuei com a rotina sem noção. Como eu poderia explicar o que aconteceu? Tristan enviou magicamente minha mente, alma, ou seja lá o que for, a alguma dimensão alternativa, algum subúrbio do inferno em que eu quase fui comida viva, mas milagrosamente eu fui salva por minha anja da guarda de cabelo neon, que canta pop soprano? Hospital psiquiátrico, aqui vou eu.

Então eles achavam que era algo relacionado com a explosão. Cada exame conhecido pela medicina se mostrou perfeito. E nenhum dano ao meu cérebro – não mais que o habitual, Lucian apontou. Todos que se preocuparam estavam em êxtase que eu tinha despertado do sono eterno, e cada movimento meu estava sendo monitorado.

Meus pais recusaram todos os visitantes, só pedindo para serem liberados o Sr. e a Sra. Ishida que queriam expressar pessoalmente seus eternos agradecimentos por salvar a vida da filha deles. Em vez disso, eles tinham comprado tudo na loja da mamãe. Literalmente limparam tudo. Meu quarto e todo o hospital se assemelhavam a uma floricultura.

Em casa, minha mãe e meu pai colocaram o colchão de ar no meu quarto com o objetivo de se revezarem para me fazerem companhia. Na realidade, em todos momentos em que eu acordei de manhã os dois estavam lá, Oron geralmente babando no peito do meu pai, com Luna e Lucian envoltos em seus edredons no chão, e Selena enrolada em minhas costas. Sem mencionar Helsing nos meus pés. Durante o dia, minha comitiva não era muito diferente.

Mesmo apreciando o casulo da família Lahey, um pouco de tempo sozinha era tudo o que eu queria neste momento. Fazia pouco mais de uma semana desde a explosão e enquanto eu ainda não tinha certeza de como o meu pequeno passeio no Mundo em Espera aconteceu, eu sabia que os Meninos Malditos eram os responsáveis. Tristan em particular. Deparar-me com eles? Não estava no topo da minha lista.

Abri a geladeira. Nada. Os armários? Dignos da Mãe Hubbard. Na verdade, eu estava irritada e nervosa. Os analgésicos levavam um tempo para funcionar e meu braço esquerdo ainda doía de onde aquela... coisa dilacerou minha pele. Estava tomando seu tempo para curar, mesmo com minhas habilidades sobrenaturais.

Eu verifiquei o congelador. Bingo.

Empoleirada em um banquinho com uma colher e um quarto do recipiente, eu me saciei. Bem, tentei. Eu dei alguns golpes violentos no sorvete, atualmente em consistência de concreto, e o empurrei de lado. Da brilhante fruteira de vidro, eu peguei uma maçã verde - para neutralizar o próximo - futuro sorvete - e cortei pedaços com uma faca. Eu mastigava lentamente, os pedaços crocantes derramando uma deliciosa mistura de ácido e doce sobre minha língua.

Uma leve brisa veio através da porta de tela trazendo um perfume inebriante de flores desabrochando. O sol brilhou no quintal destacando as cores brilhantes da jardinagem assídua da mamãe. A gralha azul chapinhou na fonte. A paisagem idílica era de contos de fadas, até formas escuras entrarem na minha visão periférica.

Medo brilhou em minha pele fria. Minha visão estilhaçou-se em um caleidoscópio psicodélico.

A próxima coisa que eu soube era que os Meninos Malditos tinham invadido a minha cozinha, o único ruído se desvanecendo, vibrações ecoando. Os outros meninos ficaram de boca aberta para Matthias que olhou para a sua direita, a cor subindo em suas bochechas. A centímetros do seu rosto, a ponta de uma faca estava cravada na moldura da porta, o cabo ainda balançando com o impacto.

Olhei para a minha mão. A mão no final do meu braço levantado. Estava vazia agora, onde há pouco tempo eu segurava uma faca. Eu não me lembro de jogar.

Todas as cabeças giraram em uníssono. Todas olhando para mim. Todas surpreendidas.

#1 - Demons At Deadnight (Divinicus Nex Chronicles) Onde histórias criam vida. Descubra agora