Capítulo 4 - Bárbara.

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Os dias que se seguiram depois do telefonema do doutor Homero, me deixou preocupada pois, não sabia o que ele queria comigo. Ele disse que pediria para sua secretária me ligar para marcarmos uma reunião em algum lugar. Conforme os dias foram passando, vi que ninguém me ligou, então, minha ansiedade e preocupação foram melhorando. Com certeza não era nada tão importante ou não precisa mais de meus serviços. Hoje fazem exatos três dias que tive aquela conversa – no mínimo estranha – quando o telefone em minha mesa toca. Estou concentrada demais em meu serviço e hoje esse telefone já tocou muito me tirando toda paciência. Deixo tocar até cair a ligação. Passados alguns minutos, ele volta com seu barulho ensurdecedor e deixo-o tocar novamente até cair . Segundos depois entra em minha sala a policial Verônica. Ela sempre bate na porta antes de entrar mas dessa vez ela não o fez. Tirei meus olhos dos papéis que estou analisando.

– Por que você não atende a droga do telefone Bárbara? – Ela me pergunta com um mão na cintura e a outra maçaneta da porta. Ela me olha com a sobrancelha erguida. Só faltou bater o pé. Parece até minha mãe quando não faço o que ela quer. – Estou transferindo a ligação para você e você POR FAVOR ATENDA. – Ela diz enfurecida. – É a secretária do doutor Homero. Ela precisa falar com você. – Ela diz isso e sai da minha sala batendo a porta não me dando a chance de falar nada.

Verônica é a típica boa moça. De boa família, de uma beleza estonteante. Uma morena de pele clara, cabelos lisos e negros, olhos castanhos claros e baixinha como eu e corpo magro parece mais uma adolescente. Mas, não se deixe enganar por sua beleza ou seu tamanho pois, ela pode surpreender. Verônica é uma excelente policial. Nos conhecemos aqui mesmo no DP quando passei no concurso para delegada. Ela também é da policial civil e exerce a função judiciária de fundo investigativo. A mulher arrebenta em todas as operações a qual é enviada. Nunca recebi uma só reclamação de suas atuações nas missões além de ser uma ótima amiga. O coração dela é de uma bondade e amor que não sei mensurar. Eu a amo muito. Tenho um carinho muito especial por ela. Como não tive irmãos, eu e meus pais a adotamos como nossa, mesmo ela tendo seus pais vivos e que a amam muito. Por ela ser mais nova que eu – quatro anos na verdade – e ser tão meiga, eu a chamo de meu neném. Ela detesta mas, não nem aí. Ela é meu neném e pronto.

Saio de meus pensamentos quando meu telefone volta a tocar. Agora sei quem é atendo.

– Delegada Salomom falando. – Digo.

Bom dia delegada. Aqui é a secretária do doutor Homero. Ele me pediu para ligar marcando um chá da tarde com a senhorita ainda hoje. – Diz sem respirar. – Eu queria saber se a senhorita poderá comparecer pois, este é o único horário vago em sua agenda. – Pergunta por fim.

– Bom dia... – Pergunto. Não gosto de falar com ninguém sem saber o nome.

Gabriela Delegada. – A secretária responde.

– Pois bem Gabriela, bom dia. Pode marcar. Qual horário, você pode me informar por gentileza? – Peço e anoto também o endereço do local. – Obrigada. E diga ao doutor Homero que estarei no local combinado sem falta. – Não gosto de atraso e falta de compromisso. Se falo que vou eu vou e na hora marcada. Quando acontece algum percalço, ligo informando o possível atraso para que a pessoa não fique me esperando por muito tempo sem saber o motivo.

Pode deixar, ele será avisado. Obrigada e tenha uma ótimo dia. – Se despede e faço o mesmo. Coloco o telefone no gancho e volto aos meus afazeres.

A manhã passou voando, quando olho para o relógio na parede, já está no horário do almoço. Como sempre faço, desço até o refeitório que tem aqui mesmo, levando comigo minha marmita. Outra coisa sobre mim, não gosto de gastar dinheiro comprando comida se posso trazer de casa. É um gasto desnecessário sendo que posso muito bem trazer, ainda mais a comidinha de dona Roberta. Eu cozinho bem mas, não como ela. Tudo que sei eu aprendi com minha chef particular. Mamãe arrebenta. Quando morávamos em Monte Alegre do Sul, ela trabalhava em um restaurante de meu avô e quando veio para cá arrumou um emprego fixo em um barzinho fazendo seu quitutes e até hoje ela é muito conhecida por ser uma excelente cozinheira naquela região. Algumas vezes, papai vem trazer alguma marmita para mim quando saio com pressa de casa. E é assim que ele e mamãe trabalham agora. Ela faz marmitas e vende pelo aplicativo do iFood e papai sai para fazer as entregas. Eles adoram pois, fazem o que amam.

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