Estacionamos o carro em frente ao DP e entramos. O local é um prédio residencial simples. Todo em azulejo quadriculado verde escuro com as descrições na horizontal indicando o DP. Fomos até a recepção. Lá se encontra um policial, ele é um negro lindo, cabeça raspada, alto e musculoso. Vejo seu sobrenome preso em sua farda.
– Boa tarde policial Tavares, sou a delegada Bárbara Salomom do DEPARTAMENTO ESTADUAL DE HOMICÍDIOS E DE PROTEÇÃO À PESSOA – DHPP e preciso ir à sessão de arquivos. – Digo e vejo-o arregalar os olhos.
– Boa tarde delegada. Só um momento que vou acompanhá-la. – O policial se prontifica.
Enquanto ele faz uma ligação, fico parada em sua frente. Logo após, ele sai de trás do balcão e nos leva até o local. Ele abre uma porta e me deparo com uma sala repleta de estantes de aço com caixas de papelão de arquivo morto.
– Todos os casos estão em ordem alfabética. Se precisar de ajuda não hesite em me chamar. – Vejo-o lançar um olhar para Verônica que está totalmente distraída. Agradeço e ele logo sai nos deixando sozinhas.
– Você viu como o policial bonitão te olhava neném? – Ela me olha e ergue a sobrancelha. – Acho que ele está a fim de você. – Falo e vou até uma mesa e coloco minha bolsa e Verônica revira os olhos.
– Ele é um idiota que acha que só porque é todo gostoso pode me levar pra cama. – Ela vem até onde estou e se senta na cadeira para arrumar seu coturno. – Coitado vai sonhando! – Gargalho ao ouvir falando assim. Ela me olha de um jeito engraçado. – Por que você tá rindo doida? Não sou dessas que vê o cara uma vez e já vai abrindo as pernas pra ir pra cama com ele. Nana nina não. Aqui é diferente. Vai ter que ralar, vai ter que suar a camisa para me conquistar. – Diz e faz gestos iguais aos de MC. Meneio a cabeça e dou risada. A Verônica é demais. – Chega de conversa e vamos trabalhar não é mesmo senhora delegada. – Levanta-se bate o pé no chão ajeitando o calçado e vai para perto de uma estante e começa a tirar as caixas da com a letra L.
– Você não vai me falar nada? – Vou atrás dela que bufa e se vira.
– Aquele dia que fomos aquele barzinho, quando fui dançar com a Cristina ele se aproximou. Nós dançamos e rolou uns beijos e só. Aí quando eu chego aqui alguns dias depois olha quem eu encontro? O negão em pessoa! Ele veio com conversinha mole pra cima de mim aí eu já dei um fora nele. Não gosto disso você sabe. – Ela se senta no chão e passa a abrir uma caixa. – Eu não quero um cara por uma noite Ba, eu quero algo sério. E outra eu não sou daqui sou de outra cidade, eu não me encaixo na percentagem de pessoas que namoram a distância. Eu sei que isso não dá certo. – Bate as mãos na perna. – Vamos parar com esse assunto. Vamos trabalhar.
– Você ainda encontrará um cara que te mereça neném, apenas abra os olhos para que quando ele passar por sua vida você possa vê-lo e deixá-lo entrar. – Ela me dá um sorriso fraco. – Com relação a namoro a distância para muitas pessoas isso dá certo. Quem sabe você se encaixa nessa porcentagem também hã? Pense nisso tá? – Mando um beijo no ar para ela e vou até outro corredor de estantes também com a letra L. Há muitas caixas a sala é imensa. – Vou verificar nestes arquivos aqui. – Verônica suspira e assente. Começamos a abrir as caixas.
Eram dezenas delas com muitos casos desde roubo a assassinatos todos enumerados e em ordem alfabética. Estávamos a algum tempo ali dentro quando ouvimos um estrondo. A porta foi aberta quase que no chute e um delegado muito bravo entra por ela.
– O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI DELEGADA? – Delegado Marcondes entra gritando. Vejo quando Verônica se encolhe e ele olha para ela e depois para onde estou. Ele está irritadiço. – Vou perguntar só mais uma vez, o que está fazendo aqui delegada Salomom? Eu já deixei claro para você não se meter em minha jurisdição? Já não basta ter roubado meu cargo, e ainda ter me rebaixado para um delegado da civil? O que você quer aqui em? Me tirar a paz, me deixar louco, hã? Me diz delegada? – Cada palavra dita era um passo onde eu estava. Me ergo e o encaro.
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A lei é o Amor.
RastgeleEm uma cidade pataca no interior de São Paulo que de dois ano e meio para cá vem sendo aterrorizado por assassinatos hediondos. Mulheres com mais de vinte e cinco anos sendo brutalmente assassinadas, tendo seu couro cabeludo arrancado. A única pista...