trinta e cinco

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(ANNA)

Virei na direção dele, olhando meu marido nos olhos. Fazia tempo, muito tempo que não via uma reação dele, que não sabia mais quem ele era, o que ele queria.

Fiquei encarando a mala por um tempo com ele fazendo o mesmo.
Nenhum de nós dois acreditava no que estava acontecendo, chegamos a um ponto tóxico para ambos. Não queria um homem que me levasse para cama, deixando claro que era essa minha serventia, não queria uma família de fachada, se não pudesse ter minha família como  antes, preferia não ter.

Eu já tinha sofrido muito com meus erros e arrastado Chris junto comigo.

-então não me perca porra- falei depois de o encarar por um tempo.

Era minha ultima chance, a nossa.

Ele sentia dor, fazia tempo que não  o via sentindo nada, que não significava nada, mas aquele belo par de olhos azuis estava sentindo alguma coisa. Pela primeira vez depois de tudo que aconteceu ele sentia algo.

-eu sinto muito por não ser o marido que você merece, Anna- ele falou por fim- você não imagina como é viver nessa situação, com as pessoas olhando para você, acusando. Não imagina como me sinto por ser, pelo que aconteceu.

-por isso quero que vá- falei segurando as malditas lágrimas- eu já causei dor o suficiente. Você não merece isso, eu não mereço o seu desprezo- funguei, soltando o ar com dificuldade pela boca- você sabe como fazer essas coisas, eu esperarei os papéis e não vou me opor as suas decisões, Chris.

-Anna...- ele parecia não creditar no que eu tinha acabado de falar.

Estava dando carta branca para que ele fizesse o que fosse necessário, mesmo me importando não podia ser egoísta a ponto de deixar ele sofrer pelas minhas decisões.

-eu já passei por coisas horríveis pelas minhas decisões. Sei que seu orgulho está ferido e tudo por minha culpa, mas o meu também está. Não sabe como me sinto quando você sai por essa porta depois de deitar comigo e vai para o outro quarto.Eu não tenho mais forças.Não tem mais sentido Chris, se quer me punir existem outras formas, fazer com que eu me sinta uma idiota por colocar nosso casamento em risco não foi a melhor opção.

  -como acha que me sinto depois de ver todos falando pelas minhas costas? Como se minha mulher fosse uma vagabunda que dorme com o homem dos outros?- ele desviou o olhar- como se eu não fosse homem o suficiente para você?!

-nada que eu fizer seráo suficiente, irei apagar o que eu fiz e eu sei disso, Chris. Por isso estou pedindo que vá embora, que saia dessa casa e esqueça.

-e você?Vai esquecer?- ele segurou meu pulso com firmeza- vai esquecer que temos dois filhos? Vai esquecer o que temos aqui?

-não- falei relaxando o corpo, deixando as lágrima rolarem pelas minhas bochechas- eu acho que nada nesse mundo me fará esquecer da pior decisão que eu tomei. Eu amo você Chris, eu amo tudo que conquistamos, e eu me sinto péssima por machucar a única pessoa que me importou  de verdade na vida.

-eu quero esquecer, Anna- ele me abraçou, beijando o topo da minha cabeça, com o queixo encostado no meu ombro- eu não quero ir embora. Perdoe-me por fazer você se sentir assim, como se não fosse importante para mim. Então não me mande embora, não me faça ir e deixar você.

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(HOLLY)

-não acredito- Tâmara deu pulinhos empolgados olhando na volta- porque não me disse que era tão.... diferente.

-você odiou- falei sentando em uma cadeira.

-pode levantar daí- ela apontou o dedo- acha mesmo que vai ficar sentada ai?Não senhora, eu quero dançar até meus pés doerem.

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