cinquenta e cinco

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- o que estamos fazendo aqui?- olhei em volta assim que ele parou o carro colocando os óculos escuros que estavam presos na sua camiseta.

Me encarou alguns segundos antes de responder, com aquela expressão travessa que ele sempre tinha, quase uma marca registrada.

- um passeio sempre é bom- sorriu- você precisa relaxar um pouco, está tensa. Desde hoje cedo notei que não consegue sorrir sem fazer uma careta de preocupação depois.

Estávamos exatamente no lugar onde nos “encontramos” da primeira vez.

-estou ótima - retruquei- você quem vive inventando desculpas e motivos. Sinceramente...

- sei que a visita do meu irmão te deixou preocupada.

-acha?- falei irônica.

- acho que ele só foi até lá por dois motivos- coçou o queixo- porque sabe que me importo com você e porque ele se importa com a Anna. Mas eu só queria que essa ruga de preocupação sumisse da sua testa, pelo menos por hoje. Precisa relaxar,  esquecer ou vai acabar enlouquecendo.

-não é tão simples assim sabendo que ela anda por ai como se..

-Holly eu sei- falou tirando os óculos de sol-  prometo que farei de tudo para que isso acabe da melhor forma, só quero que aproveite o dia de hoje comigo. Pode fazer isso? Pode aproveitar um pouco uma única vez? Esquece tudo que aconteceu por um dia, estou pedindo só um dia

-qual o plano?- falei cedendo.

- hummm- coçou o queixo de forma pensativa- eu não faço idéia, só achei que esse lugar seria agradável. Achei que um pouco de silêncio e uma bela vista pudessem melhorar essa carranca.

-tá- falei contrariada saindo do carro- pedindo assim com jeitinho..como vou dizer não?

Era o lugar mais calmo da cidade, ele me trouxe aqui da primeira vez que nos vimos.
Era o nosso lugar...

- eu sabia- falou parando do meu lado- que tal uma caminhada? Só andamos sem falar nada, o que acha?

- Sebastian, o que eu faço com você?- falei começando a  andar- tenho que parar de cair na tentação.
Segurei a mão dele, entrelaçando nossos dedos.

- pode me amarrar, vendar e até me bater um pouquinho- gargalhou- não vou reclamar!

O vento estava fresco e o lugar deserto. Era final de tarde e tudo parecia realmente tranqüilo nesse momento. Sebastian era como anestesia para os meus problemas, mesmo com esse jeito dele me fazia esquecer das coisas.
Queria que ele soubesse que para mim,  depois de tudo que proporcionou,  que era muito mais que uma válvula de escape.
Tinha sentimentos por ele.

-não provoca Sebastian.

-então loira- falou segurando minha mão com força, entrelaçando nossos dedos novamente quer falar sobre o que?

Fazia muito tempo que não me sentia em paz como agora, era como se todos os problemas ficassem lá em baixo na cidade, distante de mim.

Realmente ficar aqui com ele me fazia bem.

-nada- respondi mordendo o lábio- me fala um pouco de você. Sabe toda minha vida, justo que eu saiba um pouco da sua.

-o que quer saber?

 - o que quiser me falar, sobre o que quiser.

-me deixa ver- pigarreou- difícil falar de mim. Sabe que sou lindo, atraente e um ótimo amante, já sabe o suficiente- me olhou sério- não sou muito bom em falar de mim.

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