cinquenta e dois

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Ver Leighanne no chão se debatendo foi um choque para todos.

Ver a vida dela se esvaindo lentamente até não sobrar nada foi um choque para mim. Incrível como a morte sensibiliza as pessoas, como a vida as vezes não significa nada, quando somos só um pedaço de carne.

Era isso que ela parecia agora deitada chão enquanto Brian a reanimava, só uma casca sem alma, sem vida, sem nada.

Ele gritava que ela ainda respirava, o que me deu esperança e de certa forma diminuiu minha culpa.

Ela ainda estava viva!

Por segundos todos ficamos olhando sem reação, como se não acreditássemos no que estava acontecendo com ela enquanto Brian gritava desesperado para que alguém reagisse.
Kevin foi o primeiro a ajudar, gritando para que alguém chamasse o socorro.

Todos estávamos em choque que se quer nos  mexemos, era algo surreal. Não sei quanto tempo demorou, nem como ela saiu dali, as pessoas se aglomerando enquanto tentavam reanimar Leighanne, os gritos e finalmente um silêncio intenso e chocante.

Tudo que consegui fazer foi encarar Kristin que chorava sendo amparada por Kevin,  sabia que tinha sido ela, de alguma forma eu sabia e pior de tudo, sabia que a bebida era para mim, que era para eu estar no lugar de Leighanne.

- Holly..- Sebastian me abraçou forte- está tudo bem, olha para mim.

-não..- falei enquanto ele desviava minha atenção para ele.

- calma.

-calma?- falei com os olhos vidrados nos dele.

-ela ficará bem.

Ver Kevin tão vuneravel a ela me deixou de coração partido, eu sabia naquele momento que mesmo o amando jamais o perdoaria pelas coisas que vinham acontecendo.

- ela vai sair dessa, tenho certeza- falou beijando minha testa.

O noivado do meu irmão foi totalmente arruinado, no momento que tudo aconteceu não tinha mais clima para nada, todos ainda estávamos chocados, eu mais que todos pela certeza de que tinha sido ela. Kevin seguiu para o hospital com o primo e Kristin a tira colo.

Fiquei imóvel por um tempo, vendo as pessoas indo embora, assistindo o desespero dos amigos da família e da incerteza de que ela estaria bem. Por um segundo achei que a culpa era minha, que minha curiosidade e a pressão que coloquei em cima dela poderia ter ocasionado a possível vingança. O que me fez temer aquela mulher, se ela tentou acabar com a minha vida na frente de todos, o que mais ela seria capaz?

Sebastian achou melhor que saíssemos daquele lugar, mesmo Elizabeth insistindo não tinha mais clima para ficar na fazenda. Fomos para a casa dele, as horas se arrastavam e eu esperava uma ligação do meu irmão. Uma ligação de que e
Leighanne estaria bem, de que foi um susto.

A culpa me deixava apreensiva, como se ela tivesse lá no meu lugar, aquilo tudo era muito para mim.

Era para mim, a minha vida..era para eu estar naquele lugar sendo só uma..casca.

Não sei por quanto tempo fiquei sentada no sofá bebericando um café que agora estava gelado com os olhos de Sebastian cravados em mim. Ele parecia preocupado comigo, com a minha reação, com o que eu estava pensando.

-Holly- sentou ao meu lado- não sei o que dizer, não sabia  que eram amigas, mas estou aqui do seu lado. Eu estou aqui com você, pode me falar o que quiser.

- não éramos amigas- falei bebendo o restante do café em um único gole.

- o que deixou você nesse estado?- me olhou compreensivo- fala comigo. Beber café gelado por horas no meu sofá não é um bom jeito de lidar com o que esta sentindo. Está com medo, eu sei.

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