setenta e quatro- PENÚLTIMO CAPÍTULO.

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Uma semana depois.

Pela primeira vez desde que voltei para a cidade o clima parecia agradável, era começo de manhã, o vento gelado dava uma sensação diferente.
Não estava calor e nem frio, era um meio termo entre os dois, o que era incomum na cidade, sendo uma das mais  quentes do estado.

A  última  semana  foi  corrida, a saída do hospital, as pessoas me bajulando como se não pudesse fazer nada sozinha e o casamento. Com um pouco de sorte consegui convencer os noivos de que estava bem, que nada me faria mais feliz do que terminar minha estadia nessa cidade celebrando a felicidade do meu irmão.

Mesmo que tenha ficado uma semana á mais  pelos acontecimentos eu estava de certa forma leve.
Pelos menos o casamento atrasou apenas uma semana, nada me faria mais feliz do que encerrar essa história vendo meu irmão feliz com a mulher que amava.

Eu estava abalada pelos acontecimentos, ao mesmo tempo que estava aliviada por ter acabado.

Ryan precisava de um recomeço depois de tudo que perdeu, ele amava a noiva, ela sempre foi tudo para ele..meu irmão merecia toda a felicidade do mundo e tenho certeza que jamais encontrará se Claúdia não estiver do lado dele.
A perda da nossa mãe foi dolorosa para ele, Ryan cresceu com ela era o filho mais intimo e era normal ser o mais saudoso. Estava feliz pelo recomeço, formando sua própria família e reconstruindo essas terras perdidas.

Tâmara ficou na casa que Nick tinha na cidade, depois do casamento ficariam mais um tempo até vender a casa e ele mudar de vez com ela, confesso que foi uma surpresa ver minha amiga mudar tanto em pouco tempo.
Suspeito de que essa mudança estava acontecendo quando ela foi embora. Era difícil para ela dar  razão aos sentimentos depois de tudo que se passou, mas todos mereciam uma segunda chance.

Realmente essa cidade muda as pessoas.

Quase não tive sossego com os preparativos do casamento, um dia antes fizemos uma reunião somente com as mulheres enquanto os homens foram para o Louis com Sebastian.

Como ele mesmo dizia: "o que seria do casamento sem uma despedida de respeito?".

Como de costume os detalhes não foram relevados, ficamos fofocando sobre nossos planos e eles foram encher a cara.

Ainda processava toda a situação, tudo que aconteceu desde a morte de Leighanne e pela primeira vez não levava nada de ruim dessa cidade.
Com a morte de Kristin tudo tinha acabado.
Nesse período eu amadureci minha idéia de amor, ele não trás sofrimento, não machuca..foi exatamente o que Sebastian me mostrou, que o amor valia a pena, mesmo que não tivéssemos um final feliz, eu ainda teria boas lembranças dele e talvez nunca superasse esse homem que tanto me mostrou o quanto estava errada.

Sempre achei que o amor machucava, o que não era verdade.
Solidão, mágoa e perdas, isso machuca. Confundimos todos esses sentimentos  com amor e achamos que nunca terá jeito, que nunca acharemos o amor ou que ele não existe. A verdade é que o amor é o único sentimento que cura dos outros sentimentos, é o único sentimento que pode remendar a alma, eu sabia agora. 

Mas estava indo embora sozinha e feliz, com todas as coisas boas que ele me mostrou. Eu sabia que de certa forma Sebastian tinha curado a minha alma.

Estava parada olhando pela janela do quarto, tinha uma visão da fazenda e do que sobrou do celeiro, naquele lugar onde minha historia começou com ele..

Como será que Kevin está?

Não  nos vimos desde aquele dia no hospital, sequer consegui falar com ele e não tinha o que falar, nossa conversa foi definitiva e não precisávamos mais remoer o que estava resolvido.
Desejava tudo de bom para ele e para o pequeno que agora cresceria sem uma mãe, a mãe que eu matei.

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