setenta e dois

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-kristin sabe que isso não acabará bem- falei paralisada.

Estava com medo, ainda processando o que ela fazia aqui. Pelo tom dela, a forma que se movimentava era perceptível que estava totalmente descontrolada.

Estava com o celular no bolso de trás, a única coisa que pensei era que alguém precisava saber onde eu estava. Apertei as teclas sem ver, alguém as agenda atenderia e saberia o que estava acontecendo. Foi a única idéia que pensei antes que ela tomasse o telefone de mim.

Estava em choque, meu corpo tremia inteiro enviado sinais de alerta para todo o meu corpo.

Rezei mentalmente pedindo que desse certo. Precisava dar certo.

-não faça isso- falei com uma tranquilidade que eu não tinha.

"alguém atende"- repetia na cabeça de forma enlouquecedora.

- ah eu sei- sorriu- não acaba bem para você. Agora chega de conversa, precisamos ir.- apontou a arma para mim antes de sorrir- hoje seu dia será cheio princesa..seu último dia.

- onde vamos...?- falei tremendo- onde...

Não conseguia segurar o peso das pernas, me movimentei em direção a ela. Era como se tudo estivesse acabado, como se a minha vida estivesse destinada a acabar.

Não via nenhuma saída, se alguém atendesse eu provavelmente teria chances.

-não tente nada, sei muito bem usar essa arma. Vamos logo, não temos o dia todo- fez sinal para que eu seguisse- não precisa tremer, ainda não farei nada.

Kristin deu o lado para que eu seguisse na frente. Tudo que conseguia pensar era no pavor de estar a mercê dela, pensando nas coisas que ela tinha planejado. Ela fez um sinal para que eu fosse até o carro, sentou-se no banco do carona apontando a arma para a minha cabeça.

-calma querida, não chegou a sua hora ainda. Vamos acabar onde tudo começou.

Ela ordenou que subisse os vidros para não ser vista, obedeci sem hesitar. Não tinha escolha a não ser fazer o que ela mandava. Naquele momento, dirigindo com a arma pressionando minha cabeça tudo que eu queria era que isso acabasse logo.

- onde vamos?

-visitar o nosso querido Kevin- revirou os olhos- onde está seu celular?

- no bolso- falei segurando firme o volante.

Ela colocou a mão no bolso da calça, pegando sem seguida o telefone. Olhei a tela de relance, quem quer que tenha atendido provavelmente desligou.

-ele..está bem?- falei respirando com dificuldade- Kevin está bem?

- nossa até na hora de morrer você é chata garota. Ainda não sei o que ele viu em você- bateu com a arma na minha cabeça levemente -ah..ainda está bem. Não por muito tempo.

De repente tudo fazia sentido, era por esse motivo que a fazenda estava vazia. Não tinha uma pessoa sequer circulando, ela fez tudo em silêncio e agora buscava sua vingança. Minha única saída era que esse telefonema desse certo. Kristin abriu uma fresta da janela jogando meu telefone em seguida.

- não precisa fazer isso, tem tudo que sempre quis- falei sem tirar os olhos da estrada- não faça isso..

Pensei em bater o carro, fazer alguma coisa para desestabilizar essa maluca. Mas pensar que Kevin estava em perigo, até mesmo o bebê me fez repensar minhas atitudes.

A criança não tinha culpa de nada.

-tenho? Tenho um filho que odeio, um homem que me odeia e sou procurada pela policia. Acha que tenho tudo que sempre quis? Sabe por que esta aqui? Porque tirou tudo de mim, mesmo dando um filho a ele...ele nunca esqueceu de você!- falou com raiva- mesmo assim ele ainda prefere você..

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