vinte e quatro

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Meus dias aqui se resumiam a conversas com Cláudia,visitas de Ryan e poucas vezes conseguia uma conversa decente com Kevin.
Ele passava a maior parte do tempo nos estábulos e quase não conversávamos.Tudo se resume em "como se sente?"está melhor?".Era como se ele se sentisse culpado ao me ver,não sei se pelo acidente,ao qual ele não teve culpa nenhuma,foi imprudência minha.Ou se foi pela situação,essa bola de neve que envolve nossa vida.

Cláudia falava de coisas supérfluas nas nossas conversas,como se tentasse não me aborrecer,não se aprofundando mesmo eu sabendo que parte da dor em seu olhar se tratava de Ryan.Ele mesmo disse que estava esperando ela tomar uma atitude,que não iria mais correr atrás dela até a mesma se dar conta de como a relação deles era importante e especial para ambos.

Minha relação com ele tinha mudado,nos aproximamos rapidamente em pouco tempo.Ryan era meu irmão,era meu irmão mais novo,e eu de um jeito novo o amava e queria ele na minha vida.Isso não se aplicava a Elizabeth,eu não queria contato nenhum com ela.Ryan sabia e o assunto "nossa mãe"foi banido da nossas conversas na primeira tentativa dele em falar dela.

Por tudo que me aconteceu,por todas as coisas que nos aconteceu eu sabia que não conseguiria perdoar Elizabeth,não era orgulho,era uma questão pessoal.Ela não tinha direito de voltar para minha vida depois de destruir tudo como fez.Ela não poderia me cobrar um amor que nunca guardou para mim.

Kevin era um ótimo anfitrião,algumas vezes vinha até o quarto e trocávamos poucas palavras,nada muito profundo já que ele evitava qualquer assunto pessoal.Era como se ele quisesse falar ,mas nada saia dos seus lábios.Eu via a expressão contida dele quando me encarava tentando se manter calmo.

"Nunca teríamos uma conversa justa"

Um dia antes recebi a visita do Doutor Carter , me livrei dos pontos que levei na cabeça,assim como das ataduras que davam sustentação para minhas costelas,um alívio pra mim.Com o braço ainda imobilizado era difícil,mas já conseguia fazer as coisas sozinha,não queria mais um banho constrangedor como foi o que Kevin me acompanhou semana passada.Eu pensei naquele dia por uma semanas e parecia que ele sequer ligava para mim depois da intimidade que compartilhamos.
Naquele momento eu sabia que queira ele,que sentir um pouco dele me lembrava de todas as lembranças que tinha desse lugar,e eu soube que por mais que tenha sofrido,as únicas lembranças boas da minha vida..eu passei ao lado daquele homem.Não sei onde estava com a cabeça quando deixe que ele me visse nua,fui rejeitada por ele e mesmo assim tive que encarar Kevin por dias.Estava cansada do peso que a presença dele tinha sobre mim,a forma como ele me encarava tentando falar algo que seus olhos verdes não mostravam.Eu só queria fazer a coisa certa,assim que descobrisse o que seria essa coisa certa a se fazer.

Eu sabia que queria sentir ele de novo.

A reclusão forçada,estar aqui trancada sem conseguir sair da cama me deixou nervosa e ansiosa,com muito tempo para pensar.E tudo que eu pensava era nele,nas mãos ásperas dele percorrendo meu corpo,nos lábios tão exigentes..pensar nele me deixava aguçada e molhada.

Eram dez horas da noite,a casa estava silenciosa,sair da cama era tudo que eu queria nesse momento.Peguei meus chinelos que estavam ao lado da cama,o calor era insuportável,de um jeito que não conseguia me deixar dormir,depois de jogar água gelada no rosto tive a ideia de dar uma volta .

Não suportava mais ficar isolada olhando para as paredes.

A casa estava às escuras e em silêncio. Tendo apenas o tique-taque do relógio na sala como companhia, esperei a visão se acostumar à penumbra descendo as escadas com cautela,dias deitadas na cama olhando o sol pelas janelas me deixou vacilante,minhas pernas ainda estavam um pouco fracas e trêmulas.Ainda não conhecia a casa, exceto por uma pequena parte do andar de cima e a sala.Andei pela casa, seguindo pelo corredor vagamente iluminado pelo luar que se infiltrava pelas janelas semi abertas,até a porta da frente, de carvalho maciço e esculpido.

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