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LORENA PRICE

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LORENA PRICE

    Eu era uma criança que muitos consideram, mimada. Bem, é verdade, eu tinha tudo que eu queria, no instante que queria. Meus pais são ricos, nós moramos em um lugar legal, e eu tenho roupas de marca, só meu perfume custa mais de cinco mil, porque meus pais decidiram que iriam me dar o presente que eu quisesse de aniversário aos nove anos.

Mas isso era apenas com coisas materiais, eu era meio solitária. Tinha amigos, óbvio, mas eles não poderiam realmente ser considerados como amigos. Apenas uma, Audrey. Acho que por isso minha separação dela foi a mais dolorosa de todas.

Audrey Fernsby, era uma garota branca de cabelos tingidos em um preto azulado, olhos pretos, um e cinquenta e cinco de altura, e cintura fina. Não era rica, nem pobre.

Meus outros amigos a chamavam de barbie rebelde. Acho que o apelido combinava um pouco com ela.

Conheci Audrey quando tinha oito anos, nós começamos a olhar uma para outra, hora ou outra na sala, depois começamos a nos odiar por nenhum motivo, e depois começamos a conversar, e então viramos quase irmãs.

Eu tinha um sentimento de que toda amizade incrível começava de um jeito ou de outro com uma briga.

Audrey ainda tinha os cabelos castanhos quando nos conhecemos, ela não ligava muito para a escola.

— Isso é besteira. Você vai usar isso pra que? — Então terminavamos conversando e deixando os professores de lado.

Certa vez, Audrey desapareceu, tínhamos onze anos. Ela não atendia ligações, não ia a escola. Eu não sabia onde ela morava porque ela nunca contou, então eu esperei, esperei, e esperei, e depois de três meses ela apareceu, o cabelo pintado de preto, roupas desleixadas e olhos cansados.

Eu me lembro de correr até ela, me sentando ao seu lado. Audrey sorriu, e eu sorri.

— Você sumiu, fiquei preocupada. Gostei do seu cabelo.

— Maneiro né? Comprei uma tinta barata na farmácia. 

— Seus pais não se importam? Minha mãe diz que eu não posso pintar meu cabelo para não estragar.

— Meus pais não ligam pro meu cabelo. Minha mãe disse que se eu ficar careca o problema é meu, não dela.

— Ah, sim... você está bem? — O sorriso de Audrey vacilou.

— Estou. — Nunca mais tocamos nesse assunto.

Nossas conversas eram sem começo e sem final. Nós nunca falávamos tchau, e nunca falávamos Oi. Apenas mandavamos um assunto e assim começava sem um término.

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