Era uma tarde quente demais quando o carro saiu. Era uma noite muito fria quando Dulce descobriu que sua vida iria mudar de cabeça para baixo.
Com o luto não vem apenas a tristeza, vem a raiva, vem a negação, vem a dor profunda. O silêncio, o silên...
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°•Lorena°•
Caminhei pela casa por alguns bons minutos, subindo e descendo a escadas, entrando e saindo do meu quarto. Quando olhei pela janela o sol já estava se pondo. Resolvi assistir um filme de terror.
No começo estava tudo normal, até um barulho do lado de fora aparecer. Desliguei a televisão e me sentei no sofá. Fiquei em silêncio. O barulho veio de novo.
Só percebi que estava me movendo quando meus pés encostaram no piso gelado. Segurei o controle acima da minha cabeça, caminhei até a porta e ela se abriu.
Abaixei o controle com força, escutei um barulho. Um resmungo de dor. E um palavrão.
Guilherme disse:
- Porra Lorena!
Dei um pulo para trás e coloquei a mão na boca. Ele levantou o rosto e me encarou confuso e com raiva. O cabelo úmido e as roupas com respingos de água. Apoiou a mão na testa e revirou os olhos.
- Você invadiu minha casa! - Me defendi.
- Não foi nem sequer invasão! - Ele rebateu. - Bati na porta e você não abriu!
- Pensei que fosse Michel Myers!
- Michael... O quê?
- Nunca assistiu Halloween?
- Não?
Torci meus lábios e revirei meus olhos. Encarei o garoto novamente enquanto ele fechava a porta. Deveria estar chovendo ou ter chovido à algum tempo. Ele estava molhado, o rosto vermelho, ofegante... olhos inchados.
- Você estava chorando?
Ele me encarou como se estivesse sendo pego fazendo algo errado. Deu de ombros e enfiou as mãos no bolso da blusa.
- Te liguei. - Resmungou. - Você não atendeu.
- Meu celular ficou na casa da Judy.
O rosto bonito se torceu em uma careta, senti algo estranho borbulhar em meu peito. Ficamos em silêncio, talvez por dois, três, ou quatro minutos. Apenas encarando um ao outro, tive que segurar minha vontade de tocar o rosto dele, algo me dizia que isso não seria um toque simples.
- Será que... - Ele começou, mas parou.
O garoto respirou fundo encarou os próprios pés e depois o celular, a tela trincada brilhou com uma foto dele e Mateus no plano de fundo. Encarei extasiada aquele gesto. Gui respirou fundo, parecendo aliviado e decepcionado em certo aspecto.