Era uma tarde quente demais quando o carro saiu. Era uma noite muito fria quando Dulce descobriu que sua vida iria mudar de cabeça para baixo.
Com o luto não vem apenas a tristeza, vem a raiva, vem a negação, vem a dor profunda. O silêncio, o silên...
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°•Lorena•°
— Um... Dois... Três... Quatro... — Mateus tirou o óculos de realidade virtual do rosto. Seus olhos verdes me encararam irritados.
— Para de contar. Isso é trapaça, vai me desconcentrar.
— Você ficou cantando por quase uma hora quando foi minha vez. Eu só estou te retribuindo.
— Pelo menos minha voz é maravilhosa. Você está vivendo de graça o que muitas pessoas pagariam para ouvir.
— Ah, claro. Sim. — Revirei meus olhos, Mateus sorriu convencido, colocou o óculos novamente e se virou.
Me joguei de costas na cama, olhando para o teto. O teto do quarto de Mateus, era pintado de azul escuro, com adesivos de carrinhos, estrelinhas, planetas, e notas musicais coladas .
— Você prefere Porsche ou Ferrari? — Perguntei, olhando os adesivos.
— Uhm... Não sei, Ferrari eu acho. — Se abaixou, movendo a mão acima da cabeça, o controle piscou.
— Mercedes ou Bmw?
— Mercedes. — Respondeu sem pensar. Me sentei na cama.
— Sério?
— Sim. Você não?
— Não sei. — Pensei. — Gosto da bmw, a maioria me lembra um tubarão, não sei porque.
— Você está tentando me distrair, pare.
— Não estou tentando te distrair, já ganhei esse jogo, nem precisa tentar. — Olhei para a tela da televisão, Mateus bufou.
— Ganhou nada, o recorde é meu.
— Mateus, aceite que você perdeu no seu joguinho.
— Não perdi.
Percebi antes dele um zumbi escondido atrás das caixas, Mateus continuou andando naquela direção. Fiquei em silêncio. Me ajoelhei no chão, quando o zumbi agarrou o pé dele, eu o segurei com minha mão.
Mateus gritou, os controles e óculos foram parar do outro lado do quarto, ele chutou minha mão, caindo de costas no chão, levou a mão até o coração e fechou os olhos.
— Deus, Cristo. Acho que você acabou de me dar um ataque cardíaco. — Suas mãos tremiam.
Me joguei no chão, segurando minha barriga enquanto chorava de tanto rir.
— Ops, acho que você perdeu... pra mim. — Olhei pra tela da televisão.
O zumbi estava parado na tela vermelha com um você morreu, gigante e explícito.
