- Dulce Maria -
Se tivesse sido em um dia diferente? Se não estivesse tão escuro? Se eu não estivesse lá na hora? Se vocês não tivessem brigado? Se você não estivesse brava? Se você não tivesse tirado os olhos da estrada por míseros segundos?
Você ainda estaria viva, mamãe?
Eu não sei.
E acho que nunca conseguirei saber, porque, por mais que eu veja você em qualquer lugar, você nunca poderá me responder. Você não segurará minha mão e falará que tudo ficará bem.
Você morreu.
Você está morta.
Sinto sua falta com uma dor insuportável que me consome.Me assustei quando o joelho de Nick tocou no meu. Meu corpo tremeu, e eu percebi que estava surtando muito dentro do meu cérebro. O toque dele foi um choque, uma interrupção inesperada na minha espiral de pensamentos.
— Tudo bem aí? — Ele perguntou. Sua voz era tão carinhosa que parecia um contraste cruel com o caos que eu sentia. Eu queria que ele não fosse tão atencioso, que não visse através do meu muro de fachada.
— Hum... Não dormi muito.
— Percebi, você se atrasou. Tem certeza que não está doente? — O encarei confusa. — Está muito pálida.
Dei de ombros. Meus pés batiam no chão com ansiedade, como se eu pudesse dispersar o pânico físico que estava me dominando. A mão de Nick segurou a minha por baixo da mesa, um gesto simples, mas a proximidade era quase insuportável, um lembrete constante da minha fragilidade.
As palavras do livro pareciam uma confusão, rabiscos puxados pelo papel que eu não conseguia entender. Cada linha parecia se desfazer, cada conceito, uma montanha impossível de escalar.
Suspirei, abaixei minha cabeça na mesa e fechei os olhos, tentando desesperadamente escapar da sensação esmagadora de estar perdendo o controle.
Tente se acalmar. Já faz tanto tempo, você precisa parar com isso. Pense em outra coisa. Pense em outra coisa. Pense em outra coisa.
Não consigo.
Explosão. Explosão era o que minha cabeça ia fazer, se eu continuasse naquela sala, ouvindo sobre teorias de matemática. Levantei a mão, atenção de todos se voltou para mim, e eu me senti ainda mais exposta, vulnerável.
— Professor, posso ir beber água? Por favor? — perguntei, e ele fez um breve aceno de cabeça, murmurando um "pode". Levantei da cadeira e saí da sala, minha mente turva e meus passos pesados.
Os corredores de armários vazios pareciam frios demais, um reflexo da solidão que eu sentia dentro de mim. Corri até o banheiro; a porta bateu com um som seco e definitivo quando passei correndo. Me apoiei na pia, inclinei minha cabeça para baixo e fechei os olhos, buscando algum tipo de alívio.
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Me Apaixonando Por Você
Teen FictionEra uma tarde quente demais quando o carro saiu. Era uma noite muito fria quando Dulce descobriu que sua vida iria mudar de cabeça para baixo. Com o luto não vem apenas a tristeza, vem a raiva, vem a negação, vem a dor profunda. O silêncio, o silên...