Capítulo 54

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"You can save someone who can't be saved (ahh)
If anyone could've saved me
It would've been you
It would've been you
It would've been you."

☆ Dulce Maria ★


    Meu pai mal teve tempo de parar o carro, e eu já estava pulando para fora, o desespero me movendo mais rápido do que eu podia pensar. Meus pés afundaram em uma poça de água, mas eu nem senti o frio, minha única intenção era correr. O hospital estava assustadoramente lotado, com pessoas e ruídos que pareciam vir de um pesadelo. Mateus se colocou ao meu lado, uma presença silenciosa, mas reconfortante em meio ao caos.

Minhas mãos tremiam incontrolavelmente enquanto eu me aproximava da enfermeira, minha respiração estava rápida e irregular.

— Quero ver meu irmão. — Minha voz saiu apressada, quase suplicante.

A enfermeira me olhou com uma expressão neutra, mas seus olhos se voltaram para Mateus, como se procurasse alguma confirmação.

— Quem?

— Dylan, Dylan Muller. Recebi uma ligação dizendo que ele estava aqui e que eu deveria vir imediatamente...

— Ah, sim. — Ela folheou os papéis na prancheta com uma calma que me irritava. — Acidente de carro.

Senti como se o chão tivesse sido tirado debaixo dos meus pés. Meu peito se apertou de um jeito tão doloroso que me faltou ar. Mateus me olhou, seu rosto transparecendo preocupação, mas eu estava completamente focada na enfermeira, cada palavra dela era uma sentença de dor.

— Quarto quarenta e dois... — Ela me encarou, seus olhos carregavam um peso que reconheci imediatamente. — Disse que são irmãos?

— Sim. — Confirmei, sentindo um tremor percorrer minha voz. — Ele é meu irmão.

A expressão da enfermeira se suavizou, e por um breve momento, vi uma tristeza em seus olhos que me destruiu ainda mais.

— Preciso ser franca com você. Tentamos de tudo, mas não estamos conseguindo... Ele está acordado, mas não tem muito tempo. Hemorragia interna, não conseguimos parar o sangramento. Ele tem apenas algumas horas.

A naturalidade com que ela deu a notícia me chocou. Como alguém poderia falar de algo tão devastador como se fosse um detalhe comum? Eu me sentia tonta, o mundo ao meu redor girava. A mão de Mateus apertou a minha, tentando me ancorar, mas eu estava distante, como se meu corpo estivesse aqui, mas minha mente estivesse se fragmentando em mil pedaços.

— Eu posso... posso vê-lo? — Minha voz era apenas um sussurro agora, trêmula, como se tivesse medo de desmoronar completamente.

Ela piscou lentamente, olhando ao redor antes de soltar um suspiro esgotado.

— Não deveria ser permitido, mas... sei que já não há mais nada a ser feito. Todos devem ter a chance de se despedir.

Todos devem ter a chance de se despedir. Aquelas palavras ecoavam na minha mente como um sino que atormentava minha cabeça, amplificando a dor que já me consumia. Senti o gosto amargo do medo e da perda na minha boca, minha cabeça girava, e meus olhos ardiam com as lágrimas que eu lutava para segurar.

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