Capítulo 38

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Everything is wrong, but it's alright
You're the only good thing in my life ☆


°•Dulce Maria•°

Olhei para o céu limpo, as estrelas e a lua me encararam de volta, me senti pequena demais, insignificante demais, e me sentia bem.

Dylan segurou minha mão, e eu deixei o urso de lado para me inclinar para ele. Apoiei minha cabeça no ombro de Dylan e entrelacei nossos dedos. Ele apoiou o queixo no topo da minha cabeça e suspirou. Ficamos assim, juntos compartilhando o calor um do outro enquanto o céu estrelado brilhava acima das nossas cabeças, e o lago artificial a nossa frente se mexia calmamente.

- Ás vezes penso nela. - Sussurei sem nem perceber que estava falando. - Na minha mãe.

- O que você pensa? - Ele perguntou tímido, seu dedo desenhou círculos em meu pulso. Eu me sentia bêbada.

- Se ela iria ter orgulho da pessoa que me tornei. Se ela iria ficar contente com minhas conquistas, o que ela iria me falar quando algo desse errado. Às vezes penso como minha vida teria sido se ela tivesse me criado, acompanhado meu crescimento.

Ficamos em silêncio, e era estranho sentir e escutar o coração dele, escondi meu rosto no pescoço dele e Dylan tremeu. Sorri, e respirei seu perfume como se fosse um tranquilizante.

- Às vezes também penso no meu pai e na minha mãe. - Ele confessou.

Travei, sem saber como reagir. Era a primeira vez que Dylan sequer mencionava algo sobre a família dele diretamente. Pai e mãe era algo do qual ele explicitamente pediu para que eu não perguntasse, e eu respeitei, mas a curiosidade nunca diminuí.

- Não precisa falar disso se não quiser...

- Eu quero. - Ele disse confiante, e eu apoiei meu queixo no ombro dele para poder encarar seus olhos escuros.

- Tudo bem. - Sussurei, ele sorriu.

- Meu pai está vivo, mas eu não o vejo. - Arqueei minha sobrancelha. - Minha mãe morreu no meu parto, ele disse, nunca cheguei a conhecer ela.

Ele engoliu em seco e desviou os olhos do meu rosto.

- Meu pai sempre me disse que eu tinha um irmão, ou uma irmã, nunca busquei procurar ou perguntar se era um garoto ou uma garota. - Ele olhou para o lago, os olhos parecendo melancólicos. - Meu pai disse que ele... ou ela, não se importava comigo. E eu acreditei, porque era mais fácil acreditar nele do que em uma esperança estúpida do meu coração.

Apertei mais forte a mão dele, Dylan deu um sorrisinho e mordeu o lábio inferior procurando as palavras.

- Meu pai não é presente, não me lembro da última vez que ele foi, eu vivia com meus tios, ele apenas me manda o dinheiro. Então resolvi correr atrás do meu próprio futuro, mudei de endereço, moro sozinho, e nunca me senti tão perdido como agora.

Abracei ele, Dylan me abraçou de volta, ele estava tenso em meus braços como se estivesse com medo de que eu me afastasse e saísse correndo.

- Não consigo conversar com as pessoas porque me sinto envergonhado por ser quem eu sou. Me sinto perdido e tenho medo de fazer amizades ou me relacionar com outras pessoas, porque sinto que a qualquer momento posso fazer algo errado e elas irão me abandonar para sempre. Às vezes me sinto perdido e sonho em poder voltar a ser criança e ter uma infância normal e feliz.

Fiquei sem palavras, Dylan suspirou parecendo exausto, eu o apertei mais forte. Ele era o garoto de dezesseis anos mais fajuto que eu já tinha visto, era apenas uma criança tendo que viver no corpo de um adolescente. Era um garotinho com traumas de abandono e sozinho no mundo. E eu o compreendia, eu me via nele mais do que nunca.

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