Me Apaixonando Por Você

Capítulo 40

✭If I was dying on my knees
You would be the one to rescue me
And if you were drowned at sea
I'd give you my lungs, so you could breathe☆

•°Mateus°•

- Seu pai... - Ela começou, mas parecia não saber como falar. - Eu sempre o amei, ainda o amo. Tenho o respeito e carinho que sempre tive por ele, e isso nunca irá mudar. Quero que você saiba disso.

De alguma maneira eu sabia.

- Quando nos conhecemos éramos jovens e ingênuos, não vou mentir, fiquei apavorada quando descobri que eu estava grávida. Mas ele me ajudou, ele me apoiou. Então você nasceu, e um ano depois disso, seu pai começou a... mudar.

Ela engoliu em seco, as mãos apertaram o lençol e os lábios tremeram. Queria me aproximar, mas não conseguia me mexer.

- Ele começou a passar mal, saia quase todo dia para ir no hospital, voltava tarde. Então teve uma vez que eu ele voltou para casa. Você estava dormindo, me lembro que era uma tarde de domingo, ele se sentou no sofá e eu me sentei ao seu lado, ele estava com os olhos vermelhos e as bochechas marcadas por lágrimas. Eu me desesperei, e a única coisa que ele fez foi sorrir e me abraçar.
"Estou bem. Ele sussurrava em meu ouvido, como se pensasse que falando aquilo, iria se profetizar. Eu fiquei apavorada e eu me lembro que era ele quem estava me acalmando. Você não consegue ver? Ele dizia segurando meu rosto. Temos uma casa, estamos juntos, temos um filho, Eu o amo, eu amo você. Ele dizia como se estivesse ficando louco. Então eu vi os papéis do hospital ao lado dele no sofá, e de alguma maneira eu sabia o que era. Quanto tempo? Perguntei. Ele balançou a cabeça, beijou minha testa e sussurou: temos um filho, eu tenho um filho, estamos juntos, estamos casados e temos um filho. Eu chorei e o abracei. O tempo vai ser uma benção se eu puder passar com vocês."

Encarei minha mãe, sem saber nem como respirar de maneira correta. Ela engoliu o choro, e eu vi uma guerreira escondida por baixo daquela máscara. Me aproximei dela, ela secou as lágrimas e apoiou a mão no meu tornozelo, dessa vez não me afastei.

- Seu pai foi um guerreiro, Mateus. - Sussurou como se estivesse sem forças para falar. - Tudo que ele passou, e aguentou manter um sorriso no rosto porque estava feliz demais com a família.

A mão dela tremia fortemente.

- Quando descobri que você iria passar pela mesma coisa foi como se meu mundo tivesse desabado aos meus pés. Foi como perder as paredes que me mantinham em pé, de novo a mesma coisa. De novo os mesmos papéis, seus olhos, de novo, de novo, e de novo. Seu pai foi forte pelo tempo que ele aguentou, e eu me orgulho muito do que ele conseguiu construir. Mas não quero que você seja igual ele.

Parecia uma súplica, ela se aproximou mais, parecia sufocante.

- Eu o amava, você também o amava, mas isso não foi o suficiente para que ele continuasse lutando contra. - Ela respirou fundo. - Quero estar do seu lado das maneiras que não estive no dele. Quero te acompanhar nos tratamentos, quero que você fale comigo, quero ajudar. Quero te ver melhor, quero fazer o possível e o impossível para ver você vencer isso. Quero ver você fazer o que infelizmente seu pai não conseguiu fazer.

Fiquei em silêncio, ela piscou, as lágrimas escorreram pelas bochechas. Balancei minha cabeça, e uma lágrima caiu na palma da minha mão, nem tinha visto que estava chorando.

- Eu preciso dormir. - Me deitei encolhido contra o colchão fino.

Ela deveria estar exausta demais, porque se afastou sem discutir. Quando a porta fechou, e o quarto foi tomado pelo escuro eu me senti uma criancinha novamente, uma criancinha assustada que tremia de medo do escuro.