Capítulo 35

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- Mateus -

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- Mateus -

Estava tentando controlar minha respiração quando Guilherme abriu a porta. Meu melhor amigo sorriu quando me viu, mas eu vi o sorriso vacilar quando ele se virou para fechar a porta.

— E aí. — Murmurou.

Resolvi ignorar a formalidade.

— Senta aí. — Apontei.

Gui suspirou e se sentou na ponta da cama, o colchão fino afundou e ele fez uma careta para a parede branca.

— É bom você ter um ótimo motivo, tive que conversar com sua mãe.

— Uau, que pesadelo.

— Realmente.

Apertei os punhos no lençol e encarei a janela. Ficamos em silêncio. Uma borboleta amarela grudou no vidro da janela, o sol se pondo parecia fazer com que ela brilhasse em dourado.

Como eu vou falar isso? Não é justo, nada disso é justo.

— É algo ruim, não é?

— É. — Concordei, sem forças.

Gui se sentou totalmente sobre a cama, empurrando meus pés para o lado. Ele cruzou as pernas e me encarou.

— Fale.

— Eu... — Sentia como se fosse me engasgar com as palavras.

— Mateus, — Apoiou a mão em meu tornozelo. — Fale.

— Tenho um tumor cerebral.

Gui afastou a mão como se a tivesse queimado, os olhos se arregalaram e eu vi o exato momento que ele prendeu a respiração.

Engoli o gosto amargo das palavras, escondi as mãos embaixo das coxas para elas pararem de tremer.

— Isso... Espera, isso é sério?

— Acha que eu brincaria com algo assim? — Perguntei entredentes.

Gui balançou a cabeça de um lado para o outro, abriu e fechou a boca diversas vezes até que conseguiu falar algo com a voz trêmula:

— Merda.

— É. — Concordei e engoli em seco.

— Merda. — Gui repetiu. — Merda, que merda cara.

Ele levantou as mãos e escondeu o rosto, os ombros curvados para frente enquanto repetia sem parar. As mãos tremiam e a respiração estava descontrolada. Apoiei meu pé contra a coxa dele, Gui se encolheu e engoliu em seco as palavras. Ele parecia prestes a vomitar.

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