- Mateus -
Estava tentando controlar minha respiração quando Guilherme abriu a porta. Meu melhor amigo sorriu quando me viu, mas eu vi o sorriso vacilar quando ele se virou para fechar a porta.
— E aí. — Murmurou.
Resolvi ignorar a formalidade.
— Senta aí. — Apontei.
Gui suspirou e se sentou na ponta da cama, o colchão fino afundou e ele fez uma careta para a parede branca.
— É bom você ter um ótimo motivo, tive que conversar com sua mãe.
— Uau, que pesadelo.
— Realmente.
Apertei os punhos no lençol e encarei a janela. Ficamos em silêncio. Uma borboleta amarela grudou no vidro da janela, o sol se pondo parecia fazer com que ela brilhasse em dourado.
Como eu vou falar isso? Não é justo, nada disso é justo.
— É algo ruim, não é?
— É. — Concordei, sem forças.
Gui se sentou totalmente sobre a cama, empurrando meus pés para o lado. Ele cruzou as pernas e me encarou.
— Fale.
— Eu... — Sentia como se fosse me engasgar com as palavras.
— Mateus, — Apoiou a mão em meu tornozelo. — Fale.
— Tenho um tumor cerebral.
Gui afastou a mão como se a tivesse queimado, os olhos se arregalaram e eu vi o exato momento que ele prendeu a respiração.
Engoli o gosto amargo das palavras, escondi as mãos embaixo das coxas para elas pararem de tremer.
— Isso... Espera, isso é sério?
— Acha que eu brincaria com algo assim? — Perguntei entredentes.
Gui balançou a cabeça de um lado para o outro, abriu e fechou a boca diversas vezes até que conseguiu falar algo com a voz trêmula:
— Merda.
— É. — Concordei e engoli em seco.
— Merda. — Gui repetiu. — Merda, que merda cara.
Ele levantou as mãos e escondeu o rosto, os ombros curvados para frente enquanto repetia sem parar. As mãos tremiam e a respiração estava descontrolada. Apoiei meu pé contra a coxa dele, Gui se encolheu e engoliu em seco as palavras. Ele parecia prestes a vomitar.
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Me Apaixonando Por Você
Teen FictionEra uma tarde quente demais quando o carro saiu. Era uma noite muito fria quando Dulce descobriu que sua vida iria mudar de cabeça para baixo. Com o luto não vem apenas a tristeza, vem a raiva, vem a negação, vem a dor profunda. O silêncio, o silên...