°•Mateus•°
Escutei o ranger da porta assim que ela se abriu, a luz do corredor iluminou meu quarto. Continuei deitado da mesma maneira, escondendo meu rosto entre as cobertas. Não estava afim de conversar agora.
— Olá. — Eu sabia que era minha mãe até antes dela falar. A voz saiu baixa, quase um sussuro. — Eu sei que você está acordado.
Fechei meus olhos com mais força, querendo fingir que aquilo era um sonho que eu poderia ignorar. Minha mãe se sentou na cama, sua mão pousou em minha cabeça, os dedos se enrolando no meu cabelo.
— Não me ignore, por favor. — Eu ia ignorar ela, com toda certeza.
Abri meus olhos, o quarto estava escuro o suficiente mas mesmo assim consegui ver o reflexo da silhueta dela. Sua mão desceu para meu rosto, pousando na minha bochecha. O toque era gelado, não parecia real.
— Voltaram mais cedo. — Ela soltou uma risada seca.
— Mudanças de planos.
Era estranho conversar com ela, e realmente receber respostas. Mas aqui estava ela, sentada ao meu lado, sua mão gelada tocando meu rosto com carinho enquanto ela conversava comigo.
— Tudo bem?
A pergunta parecia estranha saindo na voz dela. Isso deveria ser algum tipo de piada, algum teatrinho mal feito.
— Eu estou com sono. Pode me deixar dormir, por favor? — Me afastei dela, escondendo o rosto entre as cobertas.
Me encolhi, minha mãe recolheu a mão parecendo magoada. Vi seus lábios tremendo procurando palavras. Isso era estranho.
— Sabe o que eu pensei quando te vi pela primeira vez? Quando você ainda era um bebezinho todo sujo que só sabia gritar e chorar?
Fiquei em silêncio, minha mãe se aproximou um pouco mais, a cama afundando enquanto ela se deitava ao meu lado. Pensei ter visto o reflexo de uma lágrima caindo do olho dela, mas logo sumiu.
— Pensei o quanto você era frágil, e que eu estava assustada demais com a ideia de ter que cuidar de alguém.
Fechei meus olhos. Ela afastou meu cabelo, beijou minha testa e se afastou. Não abri meus olhos nem quando escutei a porta abrir.
— Boa noite, Mateus.
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Me Apaixonando Por Você
Novela JuvenilEra uma tarde quente demais quando o carro saiu. Era uma noite muito fria quando Dulce descobriu que sua vida iria mudar de cabeça para baixo. Com o luto não vem apenas a tristeza, vem a raiva, vem a negação, vem a dor profunda. O silêncio, o silên...