Capítulo 55

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"I had all and then most of you
Some and now none of you
Take me back to the night we met."

☆ Dulce Maria ★


Abri meus olhos lentamente, tentando me acostumar com a claridade intensa que invadia o ambiente. A primeira coisa que senti, foi uma dor de cabeça imensa, esmagadora, quase como se meu crânio estivesse se despedaçando. Em seguida, senti a mão de Mateus apertando a minha, um toque que oferecia um fio de conforto em meio ao tormento.

Os olhos dele estavam arregalados e carregados de uma preocupação profunda. Ele me observava com uma intensidade que quase parecia ver através de mim, como se eu estivesse com uma fratura exposta. A dor era tão avassaladora que parecia transcender o físico, como se um osso estivesse forçando sua saída pela pele.

— Dul? — Mateus me chamou, a voz carregada de angústia.

Suspirei com um cansaço profundo, meu corpo exausto e dolorido. Olhei ao redor e percebi que estava sentada em uma cadeira dura de hospital, Mateus ao meu lado. Cada movimento parecia uma batalha.

— Dylan morreu. — As palavras saíram de mim como um sussurro quebrado, minha voz rouca e dolorida, como se cada sílaba rasgasse minha garganta. — Meu irmão... meu irmão morreu.

— Eu sinto muito. — Mateus disse, a dor em sua voz evidente.

Ele se inclinou para a frente, segurando minhas mãos com uma força que parecia querer me puxar para fora do abismo em que eu estava mergulhada. Eu sabia que ele realmente sentia muito, que sua preocupação era genuína, mas a única coisa que eu desejava era ficar sozinha, sem o peso de empatia alheia.

— Não preciso que você sinta muito, preciso de um espaço para respirar.

Mateus me lançou um olhar de mágoa e preocupação, mas, entendendo meu desejo, se afastou. Esfreguei meu rosto com minhas mãos doloridas, tentando afastar a sensação de impotência e desespero, e empurrei o cabelo para trás, em um gesto automático.

Uma enfermeira entrou, sua expressão era de um carinho quase maternal, uma ternura que parecia deslocada em meio à dor que eu sentia.

— Olá, você é parente do senhor Muller, certo?

Olhei para ela sem conseguir falar uma resposta. Mateus, percebendo meu estado, respondeu por mim:

— Sim, ela é... Era irmã dele.

O uso do passado me atingiu com uma força inesperada. Era um golpe cruel que reforçava a realidade insuportável: Dylan não estava mais aqui. Ele se fora, e com ele, a possibilidade de uma família verdadeira. Ele não voltaria.

— Tinha isso aqui, deveria estar no carro, a mão dele estava cobrindo. Pensei que seria importante.

Ela me estendeu um envelope branco, manchado de sangue e gotas de água. Segurei-o com um cuidado, como se fosse uma relíquia preciosa.

Tem uma carta pra minha irmã. Pra você.

Essa era a carta.

— Eu realmente sinto muito, garota. Não deveria ser assim, mas não temos o poder de impedir a morte quando ela está escrita.

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