"Rivers and roads
Rivers and roads
Rivers 'til I reach you"Dulce maria
Lorena estava nervosa. Eu podia perceber isso apenas observando. Sentada no banco de espera do aeroporto, ela se levantava e voltava a sentar, andando de um lado para o outro como se suas pernas não tivessem descanso. Os dedos iam para a boca, roendo as unhas impecáveis que agora estavam longe de serem perfeitas.Eu já estava cansada de apenas assistir àquela inquietação. Me virei para o lado e sussurrei um "preciso ir" para Mateus. Ele, por sua vez, estava muito mais preocupado em não perder uma corrida no joguinho do celular. Apenas sorriu distraído e acenou com a cabeça, como se minhas palavras fossem nada mais do que ruído.
Levantei-me e toquei de leve o cotovelo de Lorena antes de caminhar em direção ao banheiro. Minha prima, sempre perspicaz, entendeu o recado e veio atrás de mim. Logo estávamos as duas no banheiro feminino, esperando pacientemente que uma senhora terminasse de lavar as mãos e saísse.
— Então? — perguntei assim que ficamos sozinhas.
— Vai ser a primeira vez que eu vou ver o Henry... depois de tudo.
As palavras escaparam da boca de Lorena com pressa, quase tropeçando umas nas outras. Seus dedos voltaram aos lábios, mordiscando as unhas já arruinadas. Era isso, afinal. Henry. Sempre Henry. Não que eu o odiasse, mas, depois de tudo que Lorena me contou, qualquer resquício de simpatia por ele havia desaparecido.
— Lolo... — comecei a dizer, mas ela me interrompeu.
— Não, eu sei! Sei que talvez ele nem se importe comigo, eu... eu... — Ela respirou fundo, tentando organizar o caos que era sua mente. — Talvez a gente converse e consiga se entender, ou talvez não. Talvez ele nem esteja em casa. Talvez esteja usando drogas com os amigos. Eu sei! Mas, mesmo assim, não consigo acalmar essa ansiedade. Digo, quando eu fugi, ele estava tão bravo, e eu também. Depois, ele quis conversar, mas eu ignorei, e agora...
— Lorena. — Cortei antes que ela desmoronasse por completo.
Ela levantou os olhos para me encarar. Estavam vermelhos, cheios de uma mistura de medo e esperança. Sua respiração era rápida e descompassada, como se simplesmente pensar em Henry fosse um esforço monumental. Segurei seus ombros com firmeza e tentei sorrir, oferecendo a confiança que ela claramente precisava.
— Vai dar tudo certo. — Minha voz era calma, mas firme.
Ela abriu a boca para protestar, mas levantei uma mão, interrompendo qualquer tentativa de argumento.
— Vocês precisam conversar.
— Eu sei. — Ela concordou, os ombros finalmente caindo em resignação. — Mas... e se der errado?
— Se der errado — sorri, tentando aliviar a tensão —, eu dou um chute na bunda dele.
Lorena soltou uma risadinha, e seus dentes finalmente abandonaram as unhas. Ela balançou a cabeça, suspirando como alguém que acabara de entregar uma pesada bagagem.
— Tudo bem — disse, com um sorriso tímido. — E, se der errado mesmo, a gente amarra ele no armário de limpeza e deixa ele uma semana sem cigarro.
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Me Apaixonando Por Você
Teen FictionEra uma tarde quente demais quando o carro saiu. Era uma noite muito fria quando Dulce descobriu que sua vida iria mudar de cabeça para baixo. Com o luto não vem apenas a tristeza, vem a raiva, vem a negação, vem a dor profunda. O silêncio, o silên...