°•Mateus°•
— Pai? – Chamei, enquanto descia as escadas em passos vacilantes. — Onde você está? Eu ouvi um barulho.
Parei no último degrau, estiquei meu braço e acendi a luz da sala. Estava silencioso agora. Eu escutava minha respiração, o chão gelado contra a meus pés descalços.
Não gosto de ficar sozinho.
—Pai, cadê você? – Minha voz vacilou.
Eu senti o vento frio vindo da cozinha, a luz da lua iluminava o pequeno corredor, o frio parecia congelar meus ossos cada vez mais.
Não sabia que horas eram agora, não sabia que dia da semana era.
O barulho voltou a se repetir agora, mais alto. Eu tremi, minhas pernas vacilando enquanto eu parava no lugar. O medo consumindo minha alma. Minhas mãos tremiam.
Mas eu era corajoso.
Eu só não deveria ter sido corajoso naquele momento.
A única coisa que eu fiz quando cheguei na cozinha, foi gritar. Não tinha tanta luz, mas eu conseguia ver a quantidade enorme de sangue que machava o chão cada vez mais, o pânico consumindo meu corpo.
Eu me ajoelhei, segurei a cabeça de meu pai e gritei, o sangue manchava minhas mãos, minhas roupas, eu estava tremendo, meu pai estava com os olhos abertos, lágrimas escorriam de seu rosto passando pela garganta cortada. Sua mão se apoiou na minha enquanto eu tentava tampar o corte para o sangue parar de sair. Foi inútil, apertei sua mão enquanto chorava.
— Por favor, por favor, por favor. Não vá, não vá. Você prometeu. Você me prometeu ficar. Por favor.
Eu não escutava minha voz, meus ouvidos zumbido com um apito terrível, meu coração doía, meu peito apertado, eu mal conseguia respirar. Meu pai mexia a boca, mas nenhum som além dos engasgos era audível. Mesmo assim eu conseguia entender as palavras mudas.
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Me Apaixonando Por Você
Roman pour AdolescentsEra uma tarde quente demais quando o carro saiu. Era uma noite muito fria quando Dulce descobriu que sua vida iria mudar de cabeça para baixo. Com o luto não vem apenas a tristeza, vem a raiva, vem a negação, vem a dor profunda. O silêncio, o silên...