Capítulo 51

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" Don't make me sad, don't make me cry
Sometimes love is not enough and the road gets tough
I don't know why
Keep making me laugh, let's go get high
The road is long, we carry on
Try to have fun in the meantime."





Dulce Maria

— O ano tá acabando. — Gui murmurou. 

Mateus se remexeu ao meu lado e olhou para o amigo. Gui estava jogado na cama, a cabeça apoiada no chão e os pés jogados pelo colchão, as mãos apoiadas na barriga.

— Natal, né? — Mateus respondeu com um sorrisinho, sorrisinho que murchou em uma careta de dor.

— Tudo bem? — Perguntei o mais baixo que consegui.

Mateus segurou minha mão e beijou o nós de meus dedos. Seus lábios eram gelados, o gesto carinhoso me fez querer chorar.

— Tudo bem. — Ele respondeu, tão baixo quanto.

Lorena entrou no quarto, jogando mais cobertas e travesseiros pelos colchões, eu puxei dois e me enrolei no colchão do chão. Gui se levantou para agarrar um cobertor e se enroscou nele como uma capa de super-herói.

— Vocês... — Ele se engasgou com as palavras. — Quer dizer, você; — Ele estava olhando para o melhor amigo. — Você está bem, certo?

Mateus revirou os olhos, ele puxou outra coberta azul e jogou no colchão ao meu lado.

— Estou, estou perfeitamente bem.

— Tem certeza? — Gui insistiu. — Quer dizer, você diria pra gente se não estivesse tudo bem, né?

— Pra vocês fazerem o que? — Mateus questionou.

Guilherme engoliu em seco e abaixou os olhos para os próprios pés. Mateus suspirou, parecendo exausto, com olheiras escuras abaixo dos olhos verdes. Ele se aproximou do amigo, apoiando a mão no ombro do garoto.

— Vou te contar se tiver algo errado. Mas você sempre saberia, não é mesmo? — Gui levantou os olhos escuros. — Somos irmãos, você e eu. Sempre saberíamos se tivesse algo de errado com o outro.

Gui apoiou a mão no ombro de Mateus e isso parecia um abraço esquisito. Ninguém comentou sobre as lágrimas presas nos olhos escuros dele, ou sobre como Mateus respirava pesadamente, como se o mero esforço de se manter em pé fosse muito.

— Hora de dormir. — Lorena avisou.

— Hora de dormir, então. — Guilherme resmungou apagando a luz.

Ele se deitou ao lado de Mateus, e Lorena se deitou ao meu lado.

Mateus apoiou a mão entre nossos rostos, um pequeno sorriso nos lábios. Ele virou a palma para cima, e eu apoiei quase que automaticamente a minha por cima.

— Boa noite. — Ele sussurou, tão baixo que eu mal ouvi.

— Boa noite. — Eu sorri.

Ele apertou minha mão, o polegar desenhando círculos invisíveis na minha pele.

Em algum momento da noite a mão de Guilherme foi parar no cabelo do melhor amigo, enquanto ele dormia de barriga para cima todo torto. A mão de Mateus ainda segurava a minha, ele dormia pacificamente. A testa de Lorena estava apoiada na minha nuca, conseguia sentir a respiração dela, e conseguia sentir quanto o corpo dela tremia com pesadelos que ela nunca me contaria.

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