Capítulo 31

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•°Dulce Maria°•

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•°Dulce Maria°

   Eu acertei. A chuva caiu com força a tarde.

Começou com o céu se fechando, depois as gotinhas de água começaram a cair, então veio os trovões e agora a tempestade. Fechei meus olhos, escutando o barulho da água na lataria do carro, abracei meus joelhos e mordi minha língua até sentir o gosto do sangue.

Encarei meu celular, tinha mandado mais de dez mensagens para ele, mas Nicolas não respondeu nenhuma, e depois de um tempo as mensagens pararam de chegar.

Acho que é o fim.

Ele não quer saber de mim.

A um tempo atrás éramos nós dois contra o mundo, meu melhor amigo, meu companheiro pro resto da vida. Hoje ele não passa de um estranho.

— Você... — Dylan limpou a garganta. — Quer conversar?

Olhei para Dylan, ele girava a chave do carro entre os dedos, ficamos andando pela cidade inteira, e agora estávamos parados na frente de uma lanchonete que já fechou a muito tempo.

— Acha que eu estou sendo egoísta? — Era a primeira vez que eu falava em cinco horas. — Por querer que ele fique?

Engoli o sangue, apoiei o queixo no joelho e abracei minhas pernas, meus lábios tremiam de frio, meu corpo parecia congelado. Dylan tirou uma mecha de cabelo da frente do meu rosto, depois se virou para o banco de trás e me entregou um moletom rosa. Aceitei, vestindo a blusa, o cheiro de lavanda era reconfortante.

—  Não acho que você esteja sendo egoísta. Era seu melhor amigo, você o amava. Perder as pessoas que amamos não é fácil de se esquecer, queremos que elas voltem, queremos as abraçar e nunca mais as soltar. Você o quer de volta, ao seu lado. Não se rotule como egoísta apenas por o amar demais.


Seu polegar limpou minhas lágrimas. Olhei para os olhos escuros de Dylan, a luz laranja do poste parecia o deixar dourado. Deitei meu rosto na palma da mão dele, fechando meus olhos e tentando parar de chorar, eu me sentia fraca, envergonhada demais para me importar se ele conhecia ou não Nicolas. Dylan estava aqui, Dylan estava me ajudando.

— Ele foi embora por minha culpa, ele falou. — Minha voz saiu fraca.

Dylan me abraçou, foi desconfortável por conta do espaço pequeno no carro. O puxei contra mim como se isso pudesse melhorar alguma coisa.

— Nem sempre todo mundo vai ficar. Ninguém dura pra sempre, nada dura pra sempre. A única coisa que fica são as memórias, e as vezes nem isso. Vocês foram felizes, isso é o que você precisa para saber que valeu a pena.

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