Prólogo, Capítulo 01

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Para todos que se sentem incompletos e precisam de algo para ocupar a mente.








°•Narradora•°


– Mamãe, cuidado! – gritou Dulce, sua voz carregada de pânico.

A pequena garota fez com que sua mãe voltasse a atenção para a estrada. O freio do carro não funcionou, travado por algo. A mulher fez a única coisa que conseguiu pensar: desviou do pequeno animal. Dulce fechou os olhos com força, suas mãos pequenas segurando o cinto com desesperada firmeza, enquanto o mundo ao seu redor se virava de cabeça para baixo dentro do automóvel.

Depois de alguns minutos, ela abriu os olhos. Chorando, confusa e apavorada, encarou seu braço. O sangue quente manchava sua pele e sua roupa.

É... parece que o vidro da janela fez um estrago terrível, pensou, sentindo o horror crescer em seu peito.

– Filha... você... está bem? – a voz de Joana Sommers soou fraca, quase imperceptível.

A mulher lutava contra a visão turva, e seu corpo parecia não responder. Sentia o sangue escorrendo da testa, e as pernas... elas não se mexiam. O desespero tomava conta a cada segundo. Ela sabia o que aconteceria se permanecessem ali por mais tempo; o cheiro forte de gasolina já podia ser percebido à distância. Sua única preocupação era proteger a pequena garota. Sua garotinha... aquela menininha apavorada, chorando no banco de trás, presa ao cinto de segurança, de cabeça para baixo.

Talvez jogar o carro no barranco para desviar do animalzinho tenha sido o fim de tudo, pensou Joana com tristeza, levando as mãos à barriga, onde o vidro da janela havia feito um corte profundo. O sangue era tanto que respirar se tornava uma tarefa impossível. E a dor... a dor era insuportável.

– Estou... – murmurou Dulce, tentando soltar o cinto que a prendia.

Ela viu luzes se aproximando e, junto a elas, o barulho ensurdecedor das sirenes.

– E você, mamãe? – perguntou com voz trêmula.

Nenhuma resposta.

– Mamãe?! – insistiu, agora tremendo de medo.

Era um castigo? Será que ela havia sido uma garota má? Papai sempre dizia que meninas más, que não respeitavam os mais velhos, eram castigadas.

O que ela tinha feito de tão errado para merecer aquilo? Seria porque comeu o chocolate antes do almoço? Ou porque não quis tomar banho antes de dormir na noite passada?

– Mamãe, por favor. Eu imploro... estou com medo. Me desculpe por ter sido uma menina má... – o desespero tomava conta de seu corpo pequeno e frágil.

Nenhuma resposta.

– Mamãe!! – gritou Dulce, suas lágrimas embaçando a visão.

Ela viu a mãe com os olhos fechados, as mãos apertando a barriga enquanto o sangue não parava de escorrer. Então, a porta ao seu lado se abriu. Braços fortes a tiraram do carro com rapidez.

– Não! Minha mãe está lá dentro! Você tem que salvá-la, por favor! – implorou a menina, enquanto outro homem se aproximava do carro. Ele olhou para dentro e fez um sinal para que todos se afastassem.

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