Capítulo 39

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  And if I may just take your breath away
I don't mind if there's not much to say
Sometimes the silence guides our minds
To move to a place so far away










— Lorena —

Guilherme disse depois de meia hora:

— Eu realmente preciso ir embora.

Então ele se levantou, e antes que eu pudesse perceber, eu estava me levantando e seguindo os passos dele.

— Espere. — Pedi.

E ele parou no mesmo instante.

Olhei para o garoto, parecia tão miserável que era doloroso encarar os olhos escuros turvos e nebulosos. Me aproximei e com cuidado segurei seu rosto entre minhas mãos, enxuguei as lágrimas com as pontas dos meus dedos e encostei minha testa na dele.

Guilherme fechou os olhos e por um momento fiquei com medo de ter feito algo errado, mas então vi as bochechas ficarem vermelhas e percebi que ele só estava envergonhado.

— Você não gosta dela?

Demorei para perceber que ele estava falando de Judy. Encarei os olhos escuros que pareciam uma noite estrelada e me senti enjoada.

— Não. — Minha voz saiu baixa. — E também não gosto de você, mas mesmo assim tenho os dois nas palmas de minhas mãos.

Ele riu amargamente e eu sorri tentando parecer doce.

— Então deveria se afastar, raposinha. — Sua mão traçou minha bochecha e empurrou uma mecha de cabelo para trás. — Antes que queime sua mão.

Eu nunca tive tanto autocontrole com meninos bonitos. De qualquer maneira, poderia me perder na imensidão daquele olhar.

— Me beije. — Sussurei quase como uma súplica e um desafio.

Ele demorou cinco segundos para perceber que eu não estava brincando, e me beijou.

Nossos lábios bateram com tanta força que me senti tonta no cheiro de fumaça e terra molhada. Nossos dentes colidiram e ele roubou minha respiração como se precisasse daquilo para viver. Apoiei minhas mãos em sua nuca e puxei seu rosto para mais perto. As mãos dele subiram até meus cabelos, onde ele os segurou, puxou, acariciou e enrolou o dedo. Seus lábios sorriram contra os meus como um ato de vitória.

— Não estou apaixonada por você. — Falei sem ar, ele parecia roubar minhas palavras de uma forma que eu não as escutasse.

— Mas eu estou por você. — Foi uma confissão tão ingênua e repentina que pensei que tinha entendido errado.

Ninguém nunca tinha assumido estar apaixonado por mim antes, e aquela confissão parecia tão delirante que pensei que estivesse sonhando.

Dessa vez fui eu que colei nossos lábios, cantando uma canção que só nós entenderiam, em um ritmo tão lento e acelerado ao mesmo tempo que era torturante.

Eu não estou apaixonada por você, mas eu posso aprender.

Vinte minutos depois ele foi embora, sete minutos depois Dulce chegou. E eu estava bêbada e feliz.



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