Capítulo 60

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"Kiss me
Beneath the milky twilight
Lead me
Out on the moonlit floor"

Dulce Maria


Hoje era a primeira vez em uma semana que eu finalmente iria ver Mateus.

Não vou negar, quase enlouqueci esperando uma semana para apenas vê-lo. Era como sentir o tempo passar entre os dedos como areia, correndo e correndo, enquanto eu permanecia parada, sem poder fazer nada.

As coisas em casa se acalmaram e mudaram. Suzana parece ter se transformado em outra pessoa; é surreal o que a quase morte de um filho pode fazer com uma mãe. Tudo o que aconteceu com Mateus parece ser um incentivo para Suzana ser mais amorosa agora. Ela até fez biscoitos de chocolate para nós; definitivamente outra pessoa. Mateus vai gostar de saber disso.

Meu pai está meio distante, mas parece aliviado. Ele e Suzana estão um pouco afastados, parecendo querer se ignorar e fingir que o outro não existe. Seja qual for o problema entre eles, eu definitivamente escolho não me envolver.

Lorena e Guilherme estão o mais próximos que conseguem um do outro. Certa noite, entrei no quarto de Lorena; ela estava sentada no meio da cama de casal, pintando as unhas de verde, e Guilherme estava jogado no tapete, parecendo um cobertor velho. Quando entrei, os dois ficaram em silêncio, e ele se sentou no tapete.

- Oi, Dulce. - falaram juntos, depois se entreolharam e caíram na gargalhada.

Definitivamente, eles estão tendo alguma coisa, mas aparentemente nenhum dos dois sabe disso ainda.

Eu voltei a conversar com minha psiquiatra, e ela me passou mais alguns remédios, o que parece ter acalmado um pouco a sensação avassaladora e honrosa que me consumia.

- Dulce. - Suzana chamou, batendo na porta. - Vamos, querida?

Respirei fundo e fechei o zíper da blusa azul.

É isso, vamos lá então.

[...]

Suzana saiu parecendo radiante.

- Ele quer falar com você, Dulce.

Engoli em seco o nervosismo e concordei, dando um passo à frente. Antes de entrar, escutei Guilherme resmungando.

- Maldito favoritismo. - ele disse.

Fechei a porta atrás de mim e encarei Mateus. Ele estava deitado na cama do hospital, com um curativo em volta da cabeça e a franja levantada para cima, parecendo uma calopsita. Ele sorriu ao me ver, e eu quis chorar e rir de alegria.

- Olá, calopsita. - falei com divertimento.

Mateus revirou os olhos e fez uma careta, se empurrando para o canto da cama.

- Definitivamente não sou um ícone da moda no momento. - ele falou baixo.

- Definitivamente não. - concordei, me sentando ao lado dele na cama, como ele indicou.

- Senti tanta sua falta. - ele disse, puxando minha mão, os dedos se entrelaçando entre os meus. - Tipo, muito mesmo.

- Eu quase fiquei louca sem você por perto. - respondi, sentindo minhas bochechas queimarem quando ele se inclinou e deu um beijinho na ponta do meu nariz.

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