Capítulo 23

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(o sobrenome verdadeiro dele é esse, ele usava o outro pra não ser achado pelos sequestradores, daí a mudança do sobrenome.)

... 1 mês depois ...

Taylor Matthew

As vezes eu acho que nunca vou sair daqui. O que me mantém firme é as conversas diárias na hora do almoço com o Otávio, o cara do meu primeiro dia na prisão. Travor já procurou briga comigo algumas vezes, mas pra eu não ficar em desvantagem Otávio se juntou a mim e então eles pararam de me atormentar.

— Visita pra você! — Um policial aparece na grade da minha cela.

Calço os meus chinelos, ando até a grade, o policial abre ela e já coloca a algema em mim. Vamos pra sala de visitas, o policial tira a algema de mim e abre a porta. Entro na sala, mas não vejo ninguém, estranho.

— Adivinha quem é? — Tampam os meus olhos.

Pego nas mãos da pessoa pra tentar indentificar, mas não consigo, só sei que é uma mulher.

— Realmente não sei quem é. — Admito.

— Poxa vida! — Tira às mãos dos meus olhos.

Me viro e fico muito surpreso de ela está aqui.

— Lindy! — A abraço.

— Eu estava com saudades. — Diz.

— Como está você e os pequenos? — Me afasto dela.

Lindsay está tão linda.

— Eu estou bem e meus irmãos também. E você? — Se senta.

Eu faço o mesmo.

— Vou ficar! — sorrio de lado.

— Eu ia vim antes sabe, mais aí tive que resolver coisas da escola, esse é o meu último ano e enfim, fala sobre a cadeia. — Pede interessada.

Eu suspiro.

— Não se preocupa, eu não queria que você viesse nesse lugar. E sobre a cadeia, acho melhor falarmos de algo melhor do que isso.
— Digo sem jeito.

— Ok, né! Trouxe pra você. — Me entrega um pacote — Sebastian, Amber e eu fizemos. — Apoia os cotovelos na mesa.

Abro o embrulho e arregalo os meus olhos.

Pão de queijo!

Logo jogo um na boca.

— Está muito saboroso. — Coloco a mão na boca para Lindsay não ver o pão sendo mastigado.

— Obrigado! — Ela observa eu comer.

Enquanto como os pães, ficamos conversando sobre os acontecimentos desse um mês.

...

— Fiquei sabendo que sua namorada te visitou hoje. — Otávio me olha divertido.

Um dos mistérios dele é saber de tudo sem eu contar nada.

— Ela não é minha namorada! — Resmungo. — Mas sim, minha outra amiga veio me visitar.

Otávio me olha irônico.

Ele mal conversava comigo, mas depois que pegamos amizade, o cara não para de me zuar.

— Antes de me casar com a minha mulher, nós éramos amigos. — Seu olhar fica distante.

Otávio é um cara legal, mas a falta que sente das filhas e da esposa é enorme. Toda vez que cita o nome de alguma delas ele fica assim. Ele me contou que proibiu elas de vim o ver aqui, nisso se passaram duros e longos 5 anos. Ele matou muita gente pra chegar a quem ele queria, isso resultou em uma sentença de 29 anos, mas por causa do bom comportamento eles diminuíram sua pena para 10 anos.

— O único sentimento que eu e Lindsay sentimos com reciprocidade é a mais pura amizade. — Cruzo os meus braços.

E é verdade, eu vejo Lindsay como uma amiga e não como uma namorada ou algo do tipo. E mesmo se fosse o caso, Lindsay não iria querer nada comigo, eu fiz ela passar por momentos que ela jamais pensou passar na vida.

— Se você diz. Vamos jogar xadrez? — Pega o jogo embaixo da mesa.

— Vamos. É a única diversão que aqui tem mesmo. — Bufo.

— Eu quero ficar com as peças brancas. — Arruma as peças do seu lado.

Ele sempre fica com as brancas.

— E eu com as pretas — olho desanimado para as peças.

Organizo a minha parte e iniciamos a jogada.

Estou quase vencendo Otávio, o que é muita sorte, já que ele ganha todas as partidas, quando alguém bate a mão no jogo, fazendo ele se espalhar pela mesa e algumas peças caírem no chão.

Ah, não! Eu estava quase ganhando!

— Qual é a sua, cara? — Me levanto olhando o presidiário desconhecido que fez a merda toda.

Olho de soslaio, vejo que os policiais nos cantos do refeitório, nos olha desconfiados.

Da onde que eu tirei essa coragem toda, hem?

— Desculpa bixa, foi sem querer. — Diz com um sorriso zombeteiro.

Calma Taylor, só ignorar.

Sento novamente me segurando pra não meter o murro na cara do imprestável.

— Então já pode ir comida de estrupador. — Otávio se pronuncia e o olho.

Ele está com a feição séria.

Uma lição que aprendi nessa vida: não mexer com quem está quieto.

— Como é que é seu idiota? — O cara se aproxima de Otávio.

Otávio levanta da mesa em silêncio, tira o copo de dentro da bandeja e sem que alguém possa pensar em algo, ele taca com força a bandeja na cabeça do cara que cai desacordado no chão. Os policiais correm no mesmo instante até nós e se dividem em pegar o preso no chão e algemar Otávio.

— EI, ELE NÃO TEVE CULPA! — Grito apavorado quando eles começam a bater em Otávio.

— CALA A BOCA! — Um policial me olha, mas logo volta a bater em Otávio.

Meu Deus! O que faço?

Quando eles terminam de espancar Otávio, o levam para fora do refeitório. Percebo que estou tremendo, sento para tentar me acalmar.

Eu estou me sentindo um inútil e um péssimo amigo. Eu podia ter feito algo, tentado alguma coisa. Eles deixaram o meu amigo estraçalhado e tudo por culpa daquele merda.

Coloco o meu rosto entre as mãos e começo a chorar. Eu não aguento mais viver nessa prisão, cheia de violência e o pior, não posso nem ajudar o meu amigo que me defende, aqui eu não tenho utilidade, não posso ajudar ninguém e nem me ajudar.

Otávio foi tentar me ajudar e olha o que aconteceu com ele.

Que merda!

...

O Motorista Dos Meus Pais | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora