Taylor Matthew
Todos já estão dormindo e eu não consigo. Ver Travor sendo machucado daquela forma não é muito natural pra mim. Sei que ele não pensaria mil vezes antes de fazer aquilo comigo, mas eu não sou ele e achei que aquilo foi pura covardia.
Como será que estão todos?
Depois das últimas novidades proibiram visitas à mim. Sinto saudades de ver minhas amigas.
...
— E aí? -— Otávio se senta ao meu lado sorridente.
Eu o olho sem entender.
— E aí o quê? — Digo.
Ele rir.
— O que achou da surra que mandei dar no Travor? Ele estava te importunando. — Bebe o seu café.
Eu nego dando um gole no meu.
— Achei covardia. — Digo sincero.
Otávio fecha a cara.
— Taylor, aqui não é um parque de diversões ou um passeio cara, aqui tem gente da pesada, acha que eles importariam se fosse com você? — Nega.
— Mais não era e eu não sou eles. Eu realmente quero sair daqui Otávio. — Suspiro.
— E vai. Porém se fazer de bom moço aqui não cola. — Avisa.
Eu nego novamente.
— Não estou me fazendo de bom moço, apenas não sou nenhum assassino ou da laia deles pra mandar fazer tal maldade! — Digo chateado.
Otávio bufa.
— Por acaso está me chamando de... — O interrompo.
— Não, não estou. Só expliquei que não gosto de fazer maldades. — Deixo claro.
Alguns policiais entram no refeitório e vem até mim.
— Mais novidades, vamos! — Diz.
Me levanto e eles colocam às algemas. Me levam para à sala do outro dia e quando chego todos do dia anterior estão, só que com uma pessoa a mais, Renan, o porteiro do prédio que eu morava.
— Olá, Sr. Matthew. — Meu advogado como de costume me cumprimenta.
Eu assinto olhando para Renan.
— Vamos ao assunto. Temos mais uma prova, melhor, testemunha a seu favor, Taylor. — Danniel diz sério, mais sério do que já vi.
Eu sorrio. Não acredito. Mais um pouco e eu vou está fora daqui.
— Temos apenas um porém para pôr um fim no seu caso. — O delegado começa e fecho o meu sorriso — o pessoal da casa ainda não deu sinal de vida e ninguém sabe deles. Até achamos telefone, emails e tals, mas não tivemos retorno.
Sorte nunca foi o meu forte mesmo.
— Ok. — Suspiro e olho novamente para Renan que está sério — o que ele tem haver com o meu caso?
Vejo ele ficar tenso.
— Ele te contará. Vamos pessoal, daqui 5 minutos voltamos. — O delegado sai junto com o resto.
Renan se senta de frente para mim inquieto.
— Vou ter que perguntar? — Digo o olhando.
Ele abaixa o olhar e suspira.
— Na minha defesa, eu não imaginava que iria acontecer um assassinato lá em cima. — Começa e continuo calado — naquele dia Dona Carly estava estranha, mais feliz que o normal, até cantando estava, você sabe que ela era meio tímida pra isso. Um homem algum tempo depois que ela entrou, saiu do apartamento, eu estranhei porque não tinha o visto entrar no predio, fui perguntar quem ele era e ele começou com um papo que me daria um bom dinheiro para eu cortar os videos das câmeras de segurança do seu apartamento, dos fundos do prédio e da frente. Eu me recusei um bom tempo, porém depois ele disse que eu seria demitido por não ter o visto entrar caso ele fosse ferrado e eu fiquei com medo e fiz o que ele me pediu. Eu juro que não queria ter feito você ser preso. Eu pensei que as polícias tinham deixado seu caso de lado. — Começa a chorar e eu só consigo sentir raiva nesse momento.
Deixar de lado?
Argh!
E por acaso ele já viu algum caso ser esquecido? Talvez arquivado, mas mesmo assim sendo resolvido em segredo!
Que ódio!
Se esse imbecil tivesse abrido a boca antes, talvez eu nem tivesse nessa cela hoje.
— Eu não consigo dizer nada agora, porque a minha única vontade nesse momento é de te encher de murro na cara. — Digo friamente e ele engole em seco.
Ficamos em silêncio um bom tempo, até que o pessoal volta para a sala.
— Taylor, escutamos a conversa e vou complementar a fala dele — Danniel aponta para Renan e depois olha pra mim. — Às características do homem que ele diz bateu com as do homem que estava com a Carly nas fotos. Ele disse também que não sabe do nome do homem e isso é menos um pra gente. Porém o seu caso está mais avançado que muitos.
Eu assinto com os pensamentos a mil.
Eles me algemam e me levam de volta para o refeitório. De primeira outros policiais estão separando uma briga no fundo do refeitório. Otávio está jogando xadrez sozinho alheio. Depois de tirarem as algemas, vou para onde Otávio está.
— Tenso em camarada. A gente acha que conhece as pessoas, mas na verdade não conhecemos ninguém. — Otávio diz sem me olhar.
Ah, não. Tá de brincadeira!
— Por que você sabe de tudo da minha vida, hein? Cuida da tua! — Digo sem pensar e me arrependo.
Ninguém tem culpa da minha vida ser ferrada.
— Meus meios. E estou cuidando da minha, porém eu só estou tentando te ajudar nisso aqui. — Dá de ombros e suspiro.
Otávio tem sido um bom companheiro e eu só digo merda à ele.
— Desculpa, cara! É que isso está acabando com minha paciência e eu nem posso ver as duas únicas amigas que tenho. — Explico sem graça.
Otávio sorrir.
— Sem problema. Vamos jogar? — Arruma as peças e assinto.
Xadrez é o melhor remédio para acalmar os nervos. Pelo menos o meu.
...
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O Motorista Dos Meus Pais | Livro 1
RomansaTaylor está fugindo do seu passado trágico e de pessoas que o perseguem. Um dia, em mais uma entrevista de emprego mal sucedida, ele conhece os empresários Philips e por acaso é contratado como motorista. Lindsay Philips, por mais que seja uma garot...