Noites vivas - Jikook

13. Respostas

Jimin trouxe roupas de cama limpas, mas Jungkook não as trocou. Trouxe comida mas ele não comeu. Jimin tampouco insistira para se alimentar de Jungkook. Eles também não trocaram nenhuma palavra ou olhar. O mais novo encarava o teto, deprimido. O mais velho não conseguiria olhar nos olhos do outro, caso ele tentasse. Nos dias seguintes, a comida deixada para trás permanecia intacta e os lençóis no mesmo lugar. Jungkook parecia também mal ter se movido. Jimin havia trazido roupas novas e perfumadas, mas o outro sequer se virou para olhá-las. Cobriu-se com o lençol e continuou a encarar a parede de pedra. No dia seguinte, o mesmo comportamento se repetiu, e Jimin estava se questionando se ele vinha tomando banho. Tudo que podia ver do outro, escondido constantemente debaixo dos cobertores e lençóis eram os cabelos, cada vez mais compridos, desgrenhados e sujos.

Jimin não o mordia mais, porque já questionava se aquilo era mesmo o que tinha que fazer. Mas tampouco podia libertá-lo, então mesmo sabendo que o outro se recusava a aceitar, continuava levando comida para ele. Jungkook claramente não queria mais viver, não enquanto viver incluísse ficar ali preso e sem horizonte. E também não queria morrer. Caso ele expressasse seu desejo de fazê-lo, Jimin poderia fazer sua vontade no ato. Não teria mais coragem de simplesmente matá-lo sem que o outro assegurasse que era aquilo que queria. Até porque, de certo modo, nunca desejara de verdade tê-lo como vítima.

Jimin entrou na cela mais uma vez, pouco mais de uma semana havia se passado desde a última conflituosa interação direta entre os dois. A roupa limpa intocada se acumulava no canto da cela, a comida de sua visita anterior estava mais uma vez intocada. Jimin ia sair, como de rotina, quando ouviu suspiros e ranger de dentes. Ia apenas olhar pra trás de relance, mas percebeu que Jungkook tremia debaixo dos lençóis.

-Jungkook?

Não houve resposta, então Jimin aproximou-se do outro, já imaginando que ele deveria estar doente. Sem comer ou se limpar e provavelmente desidratado, devia estar com febre. Descobriu-o mas assustou-se. A imagem que guardava de Jungkook era de um rapaz jovem, forte e saudável, mas seu rosto estava muito magro. Estava pálido e tremia. Tocando sua pele suada, percebeu que ela estava ardendo. Até então semiconsciente, Jungkook despertou ao sentir o contato do outro. Preocupação e medo o tomavam.

-Jimin-ssi? – Com olhar perdido, Jungkook mal podia reconhecer o outro, mas se agarrou ao braço dele – Hyung, eu não quero... morrer...

Jimin afastou-se dele, abriu a porta com sua digital e gritou por Taehyung, porque sabia que ele estava por perto. Imediatamente retornou para perto de Jungkook, aguardando Taehyung para auxiliá-lo. Então aquele menino tão fragilizado nos seus braços não estava se comportando daquele jeito para morrer, como era de se esperar de alguém com tanta sede de viver, algo que Jungkook sempre demonstrara. Ele só não queria viver daquele jeito que estava vivendo. Consciente ou inconscientemente ele havia parado de se alimentar, mas ainda havia ali o desejo de viver. Jimin lembrou-se de quando ele disse que não tinha medo de morrer, só tinha medo de não viver de verdade.

-Por favor? – Jungkook implorava em alucinação.

Taehyung se aproximou caminhando rápido, mas com um semblante tranquilo, mesmo diante de Jungkook tão adoecido. Jimin apenas olhou nos olhos de Jungkook uma última vez. Encontrou alguma coisa de sanidade entre os delírios da febre do outro. Segurava a mão trêmula do mais novo como quem diz "confie em mim". E então Jungkook perdeu a consciência de novo, voltando para um sono inquieto e trêmulo.

-O que ele tem?

Taehyung examinou o rapaz sobre o colchão rapidamente e deu seu melhor diagnóstico.

-Febre e provavelmente desnutrição e desidratação.

-Ele vai morrer logo?

-Eu não sei... humanos fazem coisas realmente surpreendentes com seus corpos, por mais limitados que sejam, e pode ser que ele sobreviva por um tempo considerável. Não foi você que disse que ele era forte?