Noites vivas - Jikook

47. O hotel Choi

Hyewon estava encantada. Ela mesma fazia questão de conversar com o máximo de pessoas possíveis e tomar a frente em tudo que precisavam. Estava usando o máximo possível a língua que antes ela só praticava em casa, com a família. Ela estava maravilhada com as luzes da cidade, e como Seoul era grande e moderna, diferente de Chelsea, Ottawa, Queenstown ou Sidney, as únicas cidades que conhecia. Ela perguntava sobre tudo que viam no trajeto para o hotel, às vezes questionando também sobre algumas particularidades da vida do tio quando ele morava naquele país. Perguntava coisas sobre a história do país ou dos monumentos que ele não sabia exatamente como responder. "Namjoon saberia responder isso", Jungkook se surpreendeu pensando.

Ao chegarem ao hotel Choi, foram recebidos na recepção suntuosa pela própria dona. Choi Danbi cumprimentou-os com o mesmo sorriso artificial e treinado que mostrara quando Jungkook a viu pela primeira vez. A diferença é que agora Danbi parecia ter um ar de confiança e autoridade e não estava com o uniforme dos outros recepcionistas que seguiam suas ordens. Suas roupas eram elegantes e caras e ela mantinha um tom formalmente amigável ao indagar sobre a viagem deles. Depois de dispensar seus convidados do check-in e ordenar aos carregadores que levassem a bagagem de Jungkook e Hyewon no outro elevador, conduziu-os pessoalmente aos quartos, e ao fechar das portas do elevador, começou a tagarelar sem parar. Aquela sim era a Danbi que Jungkook conhecera nos tempos que passaram na Rússia. Tagarela, meio agitada e até mesmo um pouco impaciente e briguenta, mas sempre muito cuidadosa, sobretudo com detalhes.

Danbi comentou como Hyewon era muito parecida com Jungkook, e explicou à menina sobre como conseguira comprar um hotel falido e transformá-lo em uma unidade bem sucedida, narrando brevemente seu trabalho duro e disciplinador sobre os funcionários nos últimos anos. Ela falou sobre como Jungkook poderia ligar para a recepção e perguntar se havia sopa de abóbora com gengibre e limão e os funcionários iriam entender perfeitamente o código para arrumar algum voluntário para que ele se alimentasse.

Hyewon estava fascinada, mas Jungkook estava preocupado. Enquanto ele e Danbi se uniram para sobreviver, nunca tiveram uma discussão ética muito profunda sobre o que estavam fazendo. Estava muito abalado por tudo que vira e vivera para conversar. Estava ainda se organizando internamente, refletindo sobre a relação que construíra com Jimin e os hyungs e o que eles faziam com humanos. Ele achava o grupo uma reunião de grandes hipócritas, mas Danbi nunca os criticara. Os dois amigos só concordaram que não dava para correr o risco de matar um humano toda vez que iriam se alimentar, mas agora que ele a ouvia falando com tanto orgulho daquele serviço, talvez ela só não quisesse se por em risco de ser vista e perseguida como uma assassina. Talvez ela também não se importasse em usar as pessoas como ela havia sido usada, e pensasse que compelir pessoas e manipular suas mentes era normal e necessário, sendo que para Jungkook aquilo incomodava profundamente e ele evitava a todo modo fazer.

Hyewon soltou gritinhos empolgados ao ver o tamanho do quarto. Jungkook olhou para Danbi, questionando se deveriam estar mesmo ali.

-Você salvou minha vida, Jungkook-si. – ela se explicou - No meu hotel, você e sua família sempre terão o melhor à disposição.

Hyewon abriu a porta do banheiro e gritou mais alto ainda ao ver a banheira luxuosa da melhor suíte que fora reservada para eles e oferecida como presente por Danbi. Jungkook ficou um pouco encabulado ao ver tanto luxo. Quando ele avisou à amiga que estava voltando à Coréia, queria apenas encontra-la para conversarem. Ele precisava se informar também, então entrou em contato com Danbi, sem imaginar que ao aceitar a oferta dela de ficarem no hotel que ela havia adquirido, estava aceitando algo tão grande assim. Estava meio envergonhado, mas ao mesmo tempo estava feliz em ver a sobrinha tão feliz. E claro, também sentia um certo orgulho em ver Danbi tão bem-sucedida em um tempo tão curto. Ele sabia que ela tinha uma boa visão de negócios e era muito boa em firmar contatos e comandar. Não esperava, no entanto que ela fosse conseguir acumular tanto luxo e riqueza com seu trabalho quanto Danbi conseguira durante aquele tempo. Ela era determinada também, e tinha um plano definido e ambicioso em sua mente desde que estavam na Rússia, ao contrário dele, cuja única prioridade para quando retornassem ao convívio com humanos estar ao lado de sua família.