51. Inimigos?

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Jungkook não precisou conferir se Hyewon estava bem, porque ao pisar no saguão do hotel, ela se apresentou prontamente.

-Perdi o sono, ia te chamar pra gente jogar alguma coisa mas você não tinha voltado ainda, tio. Sabia que tem um PC bang como os que você disse que costumava frequentar bem no outro quarteirão?

-Você saiu do hotel?

Jungkook mostrou uma preocupação que Hyewon nunca tinha visto antes.

-S-sim, qual é o problema?

Ao ver a reação assustada da sobrinha, imediatamente se arrependeu.

-M-me desculpe, Hyewon, não quis ser agressivo. Eu só estou preocupado. Você notou se tinha um cara pequeno de cabelo acinzentado onde você foi?

-Jimin?

Jungkook arregalou os olhos, assustado.

-E-ele te viu? Você notou se ele estava te seguindo ou...?

-Não, tio, eu vi uma pessoa com essa exata descrição conversando com você lá fora a um minuto. Vi daqui do saguão, eu já tinha chegado quando vocês se encontraram. Vocês pareciam tensos, por isso estou perguntando se esse é o tal Jimin do seu passado. É ele?

Hyewon era esperta, e Jungkook de repente pensou que devia estar exagerando em sua preocupação. Jimin não parecia estar usando a desculpa de querer vê-lo para segui-lo ou fazer algo contra Hyewon em retaliação ao passado, já que até chorou ao dizer como havia mudado, era provável que falasse a verdade. Também não precisava se preocupar com Hyewon, que era muito sagaz e cuja única falha na esperteza ao longo da vida fora pensar que não havia nada de errado com um tio de meia idade que ainda aparentava ter vinte anos e nunca saía de casa durante o dia.

Jungkook fez que sim com a cabeça, em resposta à pergunta dela. E começou a andar em direção ao elevador, seguido pela sobrinha.

-Estou com sono, Wonnie, e já está quase de dia. – disse de repente, dando prosseguimento a um assunto que já tinha mudado - Podemos jogar amanhã à noite.

Hyewon o acompanhava de longe e parou alguns passos atrás quando Jungkook apertava o botão para pedir o elevador.

-Você está bêbado, tio Gguki? – Hyewon ria cobrindo o rosto.

-Como você sabe?

A porta do elevador se abriu e Jungkook entendeu porque mesmo se sentindo quase totalmente sóbrio de novo, era claro que havia bebido. Seu cabelo estava desgrenhado e havia uma mancha de bebida entornada em sua camisa. Ele riu ao olhar-se no espelho.

-É, estou, eu acho.

-E estava bebendo com Jimin também?

-Não! – Jungkook negou quase furiosamente, mas então se conteve – Eu saí com Danbi e nós bebemos... bastante. Ele estava esperando na entrada e se não fosse a Danbi quase cair quando chegamos, acho que eu nem teria visto ele.

-O que ele fazia aqui? – Hyewon olhava do painel indicando a subida do elevador para o tio – Vocês estavam tensos mas não pareciam estar brigando...

-Ele disse que queria me ver. Fiquei preocupado se ele estava mentindo e tinha na verdade feito algo com você... ou talvez estivesse só averiguando com quem eu estava para depois me atacar ou coisa assim.

-Tio, não parece que ele estava mentindo. Ele não teria se deixado ver se quisesse ter vantagem em um futuro ataque. E se quisesse fazer alguma coisa comigo, bem, ele teria entrado aqui, não? E eu estava a uma meia hora aqui batendo papo com a recepcionista da noite. Ela estava me contando sobre alguns jogos populares. Se quisesse me encontrar, teria sido fácil, mas ele nem tentou entrar aqui. Não parece que ele sabe quem sou e, se sabe, não está muito preocupado comigo.

Jungkook ponderou enquanto a porta do elevador se abriu e os dois começaram a caminhar em direção a seus quartos. Talvez ter guardado uma imagem tão forte de que os hyungs e Jimin não se preocupavam com os humanos tenha feito se esquecer de que eles haviam sido justos e bondosos com Jimin e até mesmo com o próprio Jungkook. Na verdade, eles o acolheram e mostraram-se abertos a ensinar o que achavam certo em relação ao tratamento dos humanos. Jungkook os considerava hipócritas, mas ainda assim tinha que reconhecer que eles não eram tão assustadores assim.

-Porque mesmo você acha que eles nos atacariam? – Hyewon perguntou com as sobrancelhas franzidas, abrindo a porta de seu quarto.

Jungkook voltou-se para seus pensamentos mais uma vez, recapitulando o melhor que podia com sua mente ainda ligeiramente ébria tudo que sabia sobre as relações que eles tiveram com outras pessoas. Eles provavelmente não o atacariam ou fariam algo com alguém que fosse importante para uma pessoa da mesma espécie que eles. Parecia ser o código que eles seguiam.

-Porque você acha que ele veio de ver, tio?- Hyewon insistiu diante do devaneio do mais velho – Vocês eram apaixonados?

Jungkook se engasgou.

-O q-que? Porque você acha isso? Não sei porque ele veio!

Hyewon riu e começou a entrar no quarto, mas Jungkook segurou a porta antes que ela a fechasse completamente.

-Porque você está rindo, Wonnie?

-Tio, existia ao redor de vocês uma clara tensão sexual, e mesmo de longe eu vi que ele dava todos os sinais de que gostava de você.

-Que sinais?

-Ele olhava pra você meio apaixonado, sabe? Por isso perguntei sobre ele. Você disse que teve um caso com ele, mas como foi isso?

Jungkook olhou para baixo, agora sim, sentindo-se completamente sóbrio a ponto de sentir-se extremamente envergonhado. O que ele não havia esclarecido antes precisava ser dito. Ele sabia que Hyewon daria um jeito de descobrir mesmo, sua sobrinha era sagaz.

-Foi só... sexo e eu acho que ele gostava de mim.

Hyewon puxou o tio pelo braço.

-Entre aqui agora e me conte tudo, tio Gguki.

Noites vivas - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora