16. A história de Jimin

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Jungkook ouviu o ranger da porta e se assentou em frente à mesa prontamente. Antes que o outro dissesses qualquer coisa, Jungkook se adiantou.

-A sua história. Você disse que ia me contar como se transformou em um... vampiro.

-Vamos só evitar essa palavra, ok?

Jimin já havia se assentado e servia a comida ao outro.

-E como vou chamá-lo?

-Park Jimin.

Jungkook revirou os olhos e começou a comer.

-É o meu nome, ora!

Jimin tentava trazer um tom de brincadeira para o diálogo, mas aquela ideia não havia dado certo. Jungkook simplesmente continuou mastigando, emburrado.

-É só que... essa palavra faz parecer que não sou humano.

-Você mesmo disse que não era um humano!

Jimin abraçou as próprias pernas e olhou para o chão.

-O problema é esse! Eu não sou mais humano, mas ainda me lembro como era ser um. Eu só... me alimento de maneira diferente da sua espécie, mas ainda penso, sinto e ajo como vocês. É o nosso maior dilema. Ter que explorar ou matar alguém como nós para que nós possamos viver.

Jungkook olhou para o outro, vendo consternação na fala dele. Fazia sentido que se sentisse assim. Com um tom mais leve, Jungkook explorou aquele sentimento.

-Como era ser humano pra você?

-Exatamente como é agora. As mesmas sensações. Só que sem a necessidade vital de me alimentar do sangue de outras pessoas, mesmo que elas desejem servir como alimento para nós.

Jungkook olhou para a própria comida, pensando em como se sentiria se ele de repente se visse obrigado a comer outras pessoas como ele se quisesse sobreviver. Só de imaginar, sentia-se dividido, então começou a entender a melancolia de Jimin.

-Me conte sua história. Como é que você se transformou? Você prometeu, hyung.

Jimin despertou de sua angústia e Jungkook fez o mesmo, colocando-se pronto a ouvir, mesmo que ainda mastigasse.

-Eu comecei dançando Pungmul.

-Durante a era Joseon? Vocês vivem pra sempre mesmo?

-Não, Kookie. Eu não sou tão velho assim. E nós podemos viver para sempre, sim.

Jungkook arregalou os olhos, impressionado.

-Quantos anos você tem?

-Nasci em 1910 e cresci onde hoje fica Busan.

-Somos da mesma cidade?

Jimin apenas indicou que sim com a cabeça e prosseguiu.

-Durante a invasão Japonesa eu e outros jovens formamos um grupo que tentava manter vivo o Pungmul e outras das nossas tradições. Embora eu não pudesse expressar nossa cultura tão abertamente, a dança seguiu sendo minha paixão. No entanto, eu precisava sustentar minha família, mas não sabia como fazer aquilo sem ser com arte. Soube que haviam oportunidades para que eu dançasse no Japão. Então fui para lá, de onde enviava dinheiro de volta para minha família. Eu não dançava como aqui, já que me pediam para que eu dançasse outros ritmos, mas ainda assim, comecei a chamar a atenção das pessoas com minha paixão e dedicação. Fui levado à alta sociedade para performar para os mais ricos. Embora eu soubesse que eles é que haviam deixado meu país subjugado, tirar dinheiro deles com algo que eu amava me dava ainda mais empenho para dançar. Eu era bem pago, amado e bem visto.

Noites vivas - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora