60. Reconciliação

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Jungkook mergulhou, feliz e livre. Para quem observasse, parecia que era a primeira vez em muito tempo que ele sentia tanta liberdade. De fato, era mesmo. Depois de quase meia hora nadando, a embriaguez havia diminuído e a temperatura começava a cair, então sentiu que era a hora de sair da água. Sacudindo-se para tirar o excesso de água de seus cabelos e de seu corpo, encontrou Park Jimin sentado ao lado de suas roupas. Os sapatos sofisticados dele ao lado de suas botas brutas indicavam que ele estava ali a um tempo, provavelmente observando-o.

Para sua própria surpresa, não sentiu-se irritado ou nervoso pela presença dele. Vestiu a camiseta e depois a camisa por cima com os botões abertos. Hesitou por um instante, mas talvez com uma ajuda do restante de álcool em seu corpo, virou-se meio de lado para Jimin e tirou a cueca molhada. Jimin já o tinha visto nu, ele nem mesmo estava com raiva dele o suficiente para repeli-lo tanto assim. Não valia a pena ficar com o incômodo de uma peça de roupa molhada por baixo da calça por simples constrangimento. Depois de vestir a calça e fechar com certa dificuldade o cinto, sentou-se ao lado de Jimin. Torceu a peça de roupa molhada, depois a enfiou no grande bolso lateral em uma das pernas da calça, o que considerava menos incômodo, já que a peça estava menos úmida. Deitou-se na areia, sem ligar para Jimin ao seu lado.

Nenhum dos dois ousava falar, como se temessem que aquela paz entre eles terminasse no instante em que um dos dois proferisse a primeira palavra. Alguns instantes depois, Jimin também se deitou ao lado de Jungkook. Ainda havia uma barreira entre os dois que não sabiam quebrar, mesmo que cada um a seu próprio modo, estivesse pensando em meios suaves de transpô-la. Por ora, bastaria respeitá-la.

De fato, com o tempo o silêncio começou a ficar confortável. Os dois se perderam em seus pensamentos. Jimin olhava as estrelas distantes e Jungkook sentia a água se aproximando dos seus pés, gotículas fazendo cócegas nas solas dos pés quando as ondas quebradas iam chegando mais perto. Ele deu uma risadinha e, quebrado o silêncio entre eles, sentiu-se mais à vontade para falar.

-Hyung?

Jimin virou o rosto para ele, de repente mais encantado com o sorriso no rosto dele do que com as estrelas que havia encarado todo aquele tempo.

-Você disse que nós dançamos quando nos conhecemos.

-Sim.

-Eu nunca conseguir recuperar essa memória.

Jimin continuou em silêncio, vendo o infinito se mostrar à medida que o sorriso de Jungkook se abria mais.

-Na verdade, não me lembro nada. Tudo que sei sobre aquela noite é o que você me contou. Eu fico me perguntando como é que eu dancei pra você ter gostado de mim. E também me pergunto se... Você dançaria comigo outra vez, hyung?

Um sorriso luminoso começou a surgir no rosto de Jimin, mas logo que ele pensou melhor nas palavras de Jungkook, ele foi se apagando.

-Você está bêbado.

-Sim, mas juro que estou em plena consciência das minhas faculdades, apesar do álcool.

-Quando você estiver sóbrio, Kookie.

-Talvez eu não queira quando estiver sóbrio.

-Mais uma razão para não fazermos isso. Não quero que você se arrependa.

Jungkook riu e se virou para Jimin, tirou um pouco da areia que havia grudado em suas mãos batendo uma na outra e depois apoiou a cabeça sobre uma mão.

-Jimin, eu não vou ter coragem de fazer isso porque eu estou com vergonha, não porque não quero.

-Vergonha de quê?

Noites vivas - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora