40. O plano

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Abaixo da biblioteca, havia um grande laboratório, no qual Namjoon e Yoongi passavam a maior parte do tempo. No fim do dia, Jungkook havia sido levado para lá. Namjoon retirou um pouco do sangue do mais novo com uma seringa e armazenou-o em um tubinho, onde havia um outro líquido ao qual foi misturado. Depois, passou o líquido por máquinas cujo funcionamento havia sido explicado, mas que Jungkook não memorizou porque ainda estava fascinado com o fato de haver um laboratório tão grande e bem equipado naquela propriedade. Pensando na biblioteca enorme, nos relatos dos outros e agora na descoberta de mais esse ambiente de pesquisa, Jungkook finalmente entendeu o que Jimin realmente queria dizer quando afirmou mais cedo, em que Namjoon era o único deles que aprendia como se fosse viver para sempre. Ele sabia manusear bem as agulhas e equipamentos, e Jungkook perdeu a explicação detalhada que ele dava sobre como a análise seria feita pensando em todas as possibilidades de como havia aprendido a usar aqueles instrumentos ao longo de quase mil anos de vida. E de algum modo, pensar em tudo que o mais velho havia vivido deixava Jungkook estranhamente deslumbrado.

Rapidamente, Namjoon obteve um resultado e chamou Jungkook para olhar pelo microscópio também.

-O sangue humano é muito mais complexo que o nosso. – Explicou enquanto Jungkook se aproximava do aparelho - Você veria diferentes tipos de células aqui, mas no nosso sangue tudo que vemos é um único tipo de glóbulo. Ao contrário de nós, nossos glóbulos têm uma vida muito breve.

Jungkook aproximou os olhos da área indicada por Namjoon e observou suas próprias novas células. Ele se lembrava de ter visto o sangue de algum colega em um experimento de laboratório na escola e realmente, era bem diferente do que via agora. Namjoon aproximou-se novamente e mexeu em alguma regulagem do aparelho, fazendo a imagem se ampliar. Vistas de perto, suas células estavam em constante atividade, mas logo alguns grupos se desmanchavam e iam ganhando uma aparência ressecada.

-Elas já morreram? – Jungkook perguntou, ainda assistindo mais e mais grupos se desfazendo.

-Sim. – Namjoon respondeu com simplicidade se assentando no banco ao lado de Jungkook.

Jungkook o encarou e se assentou no outro banco mais alto disponível.

-É por isso que nós vivemos muito?

Namjoon abriu um sorriso, encantado com a esperteza do mais novo.

-Essa é a teoria que eu defendo. Mas não tem muitos de nós interessados em estudar para me contestar, então digamos que é a única teoria cientificamente embasada que existe no momento. – Namjoon deu uma risadinha e prosseguiu - Vivemos muito e nos curamos tão rápido porque nossas células, em especial as que são correspondentes aos glóbulos vermelhos humanos, vivem por um tempo muito curto. Estamos o tempo todo nos regenerando tanto e tão rápido que nenhuma doença pode nos afetar, nenhum ferimento pode nos matar e somos até mesmo capazes de passar essa capacidade de regeneração temporariamente para os humanos, através dos nossos fluidos corporais.

-Wow! E porque os... humanos – Jungkook ainda achava estranho falar assim sem se referir a ele mesmo, mas prosseguiu – conseguem sentir o que nós sentimos?

Namjoon abaixou o olhar, constrangido.

-Bem, isso eu ainda não consegui provar minimamente, embora eu tenha uma teoria sem nenhum embasamento...

-Qual é a teoria? – Jungkook estava genuinamente curioso.

-Eu gostaria de ter o tempo, nesse momento, pra discutir essa teoria, e me alegra que alguém finalmente mostre tanto interesse assim por essas teorias minhas. Os outros já não aguentam mais me ouvir falar que temos que descobrir melhor quem nós somos, e é por isso que eu não consigo avançar nas minhas pesquisas já que... – Namjoon percebeu que estava com um tom implicante demais e resolveu voltar ao assunto que realmente interessava. – Bem, depois nós podemos conversar mais sobre essas ideias. O que importa agora, Jungkook, é que você é oficialmente um de nós.

Noites vivas - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora